Blog do Pablo Miyazawa

Arquivo : paul mccartney

Ele vendeu pulseirinhas por Paul McCartney. E conheceu o ídolo em pessoa
Comentários Comente

Pablo Miyazawa

paul_mccartney_sp_dia_2_show_fotos_a_marcos_hermes_ag_lens_divulgac__a__o-3

Acenando, Paul mostra a pulseirinha de Matheus no punho esquerdo. (Foto: Marcos Hermes/Divulgação)


O menino Matheus Bustamante Battiato conseguiu tudo o que sonhava – e mais.

O começo da história você leu antes aqui: o garoto paulistano de 10 anos produziu pulseirinhas de plástico e as vendeu pela internet para levantar dinheiro para ir ao show de Paul McCartney. Após arrecadar a verba e comprar os ingressos, Matheus foi mais longe ainda. Conheceu Paul McCartney e entregou pessoalmente ao beatle uma das pulseirinhas. Para fechar a história surreal com chave de ouro, Paul usou o enfeite verde e amarelo no punho esquerdo durante todo o show de quarta (26), o último da turnê no Brasil.

detalhe pulseira marcos hermes2

A inconfundível mão de Paul (Marcos Hermes)

A saga de Matheus teve final feliz graças à persistência da tia dele, Danila Bustamante. Utilizando uma rede de contatos e um tanto de insistência, ela conseguiu que a campanha do sobrinho chegasse aos ouvidos da equipe de produção dos shows. Minutos antes da apresentação, Paul recebeu a dupla empreendedora no camarim. Matheus presenteou o músico com uma de suas pulseirinhas. O ídolo já os esperava e agradeceu, os abraçou e conversou com o jovem fã por cinco minutos. Após o show, Danila me fez um relato exclusivo de todo o acontecimento, que publico abaixo:

“É engraçado que falávamos de conhecê-lo, como seria, o que podíamos dizer de legal, mas sempre foi um sonho. Quando surgiu a possibilidade através da produção dele no Brasil e dele de fora, nós congelamos. Não pensamos direito como seria, o que falaríamos, como reagir.

Esperamos super umas duas horas, e quando faltavam 15 minutos para o show começar, o produtor veio e disse: “You are a lucky boy!” e falou que entregaríamos as pulseirinhas em mãos. Fomos levados para uma salinha no backstage, estavam lá o fotógrafo oficial e a equipe. Todos disseram: ‘Calma que ele é calmo’. Num piscar, ele chegou e disse: ‘Hum, Matheus, you are the bracelet boy! And you?’. Eu disse: ‘I´m the aunt’. E ele: ‘The super aunt!’. Emoção total!

PAUL-BAIXA_9 (1)

Danila e Matheus, antes do show e do encontro com Paul. (Foto: Carolina Bustamante)

Paul parabenizou o Matheus pela iniciativa, e eu falei que ele trabalhou duro para conseguir produzi-las e vendê-las. Paul disse: ‘Very smart, very intelligent. Continue fazendo e não pare, não podemos parar’. Entregamos as pulseirinhas, ele escolheu a verde-amarela e colocou na hora. Perguntei se cabia no braço dele, e ele, super tranquilo: ‘Ah, super cabe’. Conversamos mais e o Matheus disse: ‘I love you, Paul’. Eles se abraçaram, fizeram um ‘joinha’ para a foto [que foi tirada pelo fotógrafo oficial MJ Kim e que gostaríamos muito de ter] e desejamos ‘good luck’ para o show. Ele agradeceu e disse pra gente mandar bala sempre!

Ele sabia de tudo antes de chegarmos. Sabia que nós tínhamos vendido muitas pulseirinhas e que tínhamos trabalhado muito, que o Matheus tinha aparecido em vários veículos. Ele se sensibilizou porque disse que é preciso trabalhar muito pra se conseguir o que quer. O plus foi ele ter usado a pulseirinha o show inteiro! Ele foi um lord, com certeza. Poderia ter deixado de lado o presente, ter dado pra produção.. Mas ele colocou na hora e fez o show todo com ela.”

E emocionado como não poderia deixar de estar, Matheus declarou em seguida que foi “o momento mais incrível da minha vida”. Realizar uma proeza dessas não é mesmo algo que acontece todos os dias quando se tem 10 anos de idade…


Um adeus a Paul McCartney (já esperando que ele volte em breve)
Comentários Comente

Pablo Miyazawa

paul_mccartney_sp_dia_1_show_fotos_a_marcos_hermes_ag_lens_divulgac__a__o-12

Paul em São Paulo, em 25 de novembro. A chuva foi só um detalhe. (Foto: Marcos Hermes/Divulgação)

Foi-se o “Hello”, chegou a hora do “Goodbye”. Paul McCartney está indo embora.

Na noite de terça, 25 de novembro, o incansável beatle fez em São Paulo seu décimo-nono show em território brasileiro. Mesmo com a chuva insistente, foi ótimo, completo e emocionante. Como sempre.

Assistir Paul ao vivo é um espetáculo que não tem erro. Ele nunca me decepcionou. O show de ontem marcou a quinta vez em que vi o ao vivo (sexta, se contar a vez que ele apareceu de surpresa em um evento da Microsoft em Los Angeles, para anunciar o game “Beatles: Rock Band”). E continuo a achar que não é o suficiente. Conheço gente que já viu uns 20 shows dele nos últimos cinco anos. Não acho que seja exagero.

Na noite dessa quarta, ele completa vinte shows no Brasil e finaliza aqui a turnê nacional que passou antes por Espírito Santo, Rio de Janeiro e Brasília. Desde 2010, Paul tem vindo ao país todos os anos. Nada mal para quem ficou 17 anos sem dar as caras. Nenhum artista do porte e longevidade dele foi visto tantas vezes por tantos brasileiros. Há uma exceção torta: os Rolling Stones de Mick Jagger e Keith Richards fizeram oito apresentações por aqui, mas somente em São Paulo e no Rio, sendo que a última, gratuita e na Praia de Copacabana, foi vista por mais de um milhão de pessoas. Detalhes, detalhes.

Dá para falar que quem já viu um show recente de Paul McCartney viu todos? Dá. Eles são tecnicamente idênticos, salve umas músicas trocadas e alguns acidentes de percurso. Era esse o assunto na sala de imprensa ontem: a gente fica torcendo para que alguma coisa diferente aconteça, já que tudo segue o script à risca. Até as frases antes de cada música, as poses e as caretas são parecidas. Não que estejamos reclamando.

Às vezes, acidentes ou surpresas até acontecem. Em 2010, no final do show em São Paulo, o astro tropeçou e caiu de ombro no chão. Quem acompanhava o telão percebeu e teve dó. Em 2013, em Fortaleza, um casal de noivos foi abençoado por Macca de cima do palco. No mesmo ano, a apresentação de Goiânia foi invadida por uma nuvem de gafanhotos que decidiram fazer parte do cenário. Paul não se abalou e tocou diversas músicas com um inseto pendurado no ombro, a quem batizou de “Harold”. Consegui registrar o momento sublime e único com minha câmera de bolso.

paulgafanhoto

Em Goiânia (2013), Paul cantou e fez amigos – repare no ombro direito dele. (Foto: Pablo Miyazawa)

Um amigo jornalista resumiu bem a situação: “Paul nunca é demais”. E como disse um outro amigo, Paul McCartney não é apenas carismático – ele inventou o carisma. Nenhum músico se dá tanto ao trabalho de parecer simpático e grato por estar lá em cima, apresentando sua arte e recebendo aplausos. Não tem tempo ruim com ele, literalmente – não foram os poucos shows que fez por aqui debaixo de chuva forte. É claro que ele pouco se molha estando em cima do palco coberto, mas assim mesmo, nada parece abalar a energia do homem. Lembrando que estamos falando de um cara de 72 anos de idade que se apresenta em público desde antes de completar 18 anos de idade. São pelo menos 55 anos de vida batendo cabeça e gastando dedos em cordas de aço e a garganta diante de um microfone.

E por falar em voz, o que dizer da voz de Paul McCartney? Ele continua cantando como se o tempo não tivesse passado para ele. A sonoridade é potente e característica, e engrossou pouco com o passar dos anos. Ele ainda arrisca agudos sem jamais perder a afinação nem fazer feio. A banda é muito competente e segura as pontas, mas a performance de Paul, seja no baixo, na guitarra, no piano ou no violão (e até no ukelele), ainda é irrepreensível. Ele faz tudo aquilo parecer fácil.

E ele ainda apresenta as mesmas músicas de sempre sem demonstrar preguiça, porque ele sabe que é o que a maioria quer ouvir. Quantas vezes Paul já tocou faixas do início dos Beatles como “All My Loving”, “I Saw Her Standing There” e “Paperback Writer”? Milhares? E outras mais épicas e emocionais como “Let it Be”, “Hey Jude” e “Yesterday”? Podemos ouvi-las sempre que jamais envelhecem nem ficam cafonas demais. Com um repertório desse a disposição, realmente Macca não precisaria se preocupar com coisa alguma. Poderia bem passar mais 50 anos repassando as mesmas coisas, que os estádios continuariam lotados e a adulação seria a mesma. Os fãs mais chatos até adorariam presenciar outras músicas, mas não temos o direito de reclamar. Em se tratando de artistas clássicos ainda em plena atividade, não existe melhor setlist na história do rock, e provavelmente nunca haverá.

Há quem diga que está foi a última vez que vimos Paul McCartney ao vivo no Brasil. Teria sido esta a última grande turnê mundial do roqueiro mais eterno a ainda caminhar sobre a Terra? Eu não quero crer nisso. Prefiro imaginar que ele sempre estará por aí, se esgoelando em “Helter Skelter”, chacoalhando o baixo Hofner em “Back in the U.S.S.R.”, martelando o piano em “Let it Be”, tudo como se fosse a primeira vez. Volte em breve, Paul. Já estamos prontos para outra visita.


Que tipo de público o elenco principal do Lollapalooza conseguirá atrair?
Comentários Comente

Pablo Miyazawa

lolla15lineup

Artistas da edição 2015 do Lollapalooza Brasil, que ocorrerá em 28 e 29 de março. (Reprodução/Site Oficial)

A imagem acima mostra o elenco do Lollapalooza 2015, marcado para março do ano que vem, em São Paulo.

Ainda não está confirmado, mas dá para presumir que os dois primeiros artistas da lista são aqueles que fecharão cada dia de evento no palco principal 1. Sendo assim, pergunto: um festival que tem Jack White e Pharrell Williams como headliners (e Calvin Harris, Robert Plant, Skrillex, Smashing Pumpkins e Foster the People como co-headliners) está convidando exatamente que tipo de público?

Dá para entender a dificuldade cada vez maior de ser criar um festival de sucesso no Brasil. Muito porque o que rola aqui é diferente do que ocorre em eventos gringos: lá fora, a maior parte do público comparece mais por causa da experiência (como dizem por aí, “pela balada”) do que pela música em si. É por isso que o californiano Coachella sempre tem ingressos esgotados desde 2002. É por isso também que os 150 mil ingressos da edição 2015 do britânico Glastonbury foram vendidos em menos de meia hora, nove meses antes do festival acontecer – e a programação só sairá daqui uns meses. Quais bandas vão tocar em cada dia, ou quais serão os headliners, isso tudo é mero detalhe para o consumidor típico desses grandes festivais nos EUA e Europa.

É verdade que um fenômeno semelhante tem ocorrido no Brasil com o Rock in Rio, no qual a pré-venda de ingressos se esgota muitos meses antes de se anunciar a programação final. Mas o RIR não é apenas a exceção, como também a principal referência desse tipo de evento para o público mainstream.

coachella2014

Coachella em 2014: a música é importante, mas o restante é fundamental (Divulgação/Coachella.com)

A lógica por aqui ainda é diferente. Assim como qualquer produto de entretenimento, grandes shows internacionais custam caro demais para grande parte do público-alvo. Mesmo quem ama música mais do que qualquer coisa precisa refletir antes de gastar dinheiro com ingressos. Muita gente do Brasil inteiro adoraria comparecer ao Lollapalooza, mas a maioria dos consumidores potenciais (que não possuem carteirinha de estudante) precisaria de um ótimo motivo para gastar quase um salário mínimo em um único fim de semana (os ingressos para os dois dias saem por R$ 660).

Concluo que para um festival no Brasil esgotar os ingressos (e é esse o objetivo de quem produz um evento desses), é preciso oferecer atrações de peso e tradição, com uma base de fãs consistente e fiel. Sempre espera-se que o artista principal do maior palco seja um grande carregador de público, que sozinho consiga convencer as pessoas a comparecer, independentemente do preço da entrada e da qualidade do restante da programação. Dessa forma, esse tipo de fã vai ao evento porque não pode perder por nada desse mundo o grande show de sua banda do coração. O que vier antes (e nos outros palcos) é lucro.

Essa máxima se aplicou nas edições anteriores do Lollapalooza Brasil, e deu certo na metade das vezes. Ou seja, artistas que o senso comum presume que possuem muitos fãs apaixonados realmente atraem um público mais volumoso ao festival.

No primeiro ano do Lollapalooza, em 2012, as atrações principais foram Foo Fighters (que em janeiro tocará em quatro capitais) e Arctic Monkeys (que tocou nesse final de semana em São Paulo e Rio). A noite liderada pela banda de Dave Grohl estava abarrotada (o muito popular FF jamais havia se apresentado na cidade); a noite fechada pelo AM (um grupo relativamente novato) não esgotou os ingressos. Era de se esperar.

Em 2013, com um dia de festival a mais, os headliners do palco 1 foram nomes mais jovens e efêmeros como The Killers e Black Keys, além do “veterano” Pearl Jam. O único dia de ingressos esgotados foi mesmo o último, cuja atração principal foi… a banda de Eddie Vedder, que tem mais história, mais de 20 anos de carreira e um fã-clube dedicado.

No ano passado, novamente em dois dias, tocaram por último o Muse e o Arcade Fire. O primeiro dia, comandado pelo trio britânico, sensação entre o público jovem, teve ingressos esgotados (80 mil, o maior da história do festival). O segundo, com o Arcade Fire, respeitado na cena indie, estava bem menos lotado. É possível alegar que o dia 1 teve ótimo público não apenas por causa do headliner, mas por outras atrações valiosas e emergentes da programação, como Lorde e Imagine Dragons – ambos, aliás, acabaram tocando equivocadamente em palcos secundários, muito aquém de seus potenciais.

jack_white_lolla

Jack White deve ser o headliner do dia 1 do Lolla 2015, em 28 de março. (Divulgação)

Este ano, dá para sentir uma diferença brutal entre os gêneros que vão imperar em um dia e no outro: Jack White é do rock. Já Pharrell Williams, nesse momento está mais próximo do pop. Nenhum dos dois pode ser considerado um artista enorme no Brasil, mas sendo otimista, dá para imaginar que ambos lotariam seus respectivos shows solo.

Puxado pelo insistente hit “Happy” e pelas participações em músicas recentes do Daft Punk e Robin Thicke, Pharrell até poderia lotar uma Arena Anhembi esse ano. Já Jack White, que para muita gente no Brasil ainda é “aquele cara do White Stripes”, talvez enchesse um Espaço das Américas e olhe lá. Em ambos os casos, não enxergo neles um artista de massa capaz de lotar estádios (ou no caso, um Autódromo de Interlagos), como foi o caso de Foo Fighters, Pearl Jam e Muse. E o mesmo pode ser dito dos outros headliners do ano: Calvin Harris, Robert Plant, Skrillex, Smashing Pumpkins e Foster The People atraem públicos numerosos por aqui, mas será que o bastante para esgotar ingressos?

farrell lolla

Pharrell deveria estar mais “happy” por fechar a segunda noite do Lolla BR. (Divulgação)

No que diz respeito ao line-up, variedade e contemporaneidade das atrações que apresenta, o Lollapalooza é o melhor festival do país. Não há outro modo de se ver ao vivo tantos artistas modernos ao mesmo tempo em que estão estourando nos grandes mercados estrangeiros. Mas não é só de bandas novas carregadas de hype e hits recentes que se faz um festival 100% lucrativo no Brasil. É preciso agradar a massa – e é por essas e outras que o Rock in Rio sempre faz muito sucesso.

É óbvio que a organização do Lollapalooza quis reunir o melhor elenco possível. Deve ter tentado outros nomes de peso, e se não conseguiu trazê-los, provavelmente foi por uma razão burocrática qualquer – indisponibilidade de data, conflito de agenda, valor de cachê etc. E quais poderiam ser os headliners mais certeiros de um festival que se propõe a atrair 80 mil pessoas por dia? Infelizmente, são poucos os nomes grandes, tradicionais, disponíveis e que ainda sejam novidade em nossos palcos. Mas quem aí falou que o brasileiro só gosta de novidade? Por isso reuni de cabeça sete nomes (em ordem alfabética) que talvez funcionassem bem em um evento tão eclético e ambicioso como o Lolla. Será que alguém aí reclamaria de ver algum desses caras novamente?

1. Beyoncé
Lotou estádios em cinco capitais em 2013. Está no topo da cadeia alimentar do pop.

2. Black Sabbath
Os quatro shows que o grupo fez por aqui em 2013 não supriram a demanda.

3. Coldplay
Já faz três anos que não aparece e especulava-se que viria dessa vez.

4. Metallica
Tem aparecido aqui com frequência – foram seis shows desde 2010.

5. Paul McCartney
Macca já é brasileiro: até o final de 2014, serão 16 shows no país em cinco anos.

6. Radiohead

Não faz shows desde 2012 (e só veio para cá em 2009), mas não custa sonhar.

7. Red Hot Chili Peppers

São carne de vaca: foram headliners de dois Rock in Rio e um Hollywood Rock.

Quem tiver mais alguma sugestão, é só comentar abaixo.


Ele tem 10 anos, sonha em ver o Paul McCartney ao vivo e quer a sua ajuda
Comentários Comente

Pablo Miyazawa

Vale tudo para conferir um Beatle ao vivo? Vale. Até vender artesanato.

O garoto Matheus, de São Paulo, criou uma maneira interessante de arrecadar dinheiro para um ingresso do show do Paul McCartney. Veja o vídeo abaixo.

E o apelo do jovem fã é dos mais singelos: “Sou Matheus, tenho 10 anos. Um dos meus sonhos é ver um Beatle de perto, ouvir ele e curtir um show. Comecei a fazer essas pulseirinhas de plástico (todo mundo usa) pra juntar um dindin e ir no show com a minha titia. Precisamos de R$ 500, ou seja, muitas pulseirinhas pra vender. Poderia nos ajudar? Toda ajuda é bem-vinda.”

Quem quiser ajudá-lo, clique aqui.


As 7 melhores músicas que Paul McCartney não tocará no Brasil (mas deveria)
Comentários Comente

Pablo Miyazawa

paulma1

Paul no Brasil: cada show deverá ter 39 músicas, das quais 26 dos Beatles. (Foto: Pablo Miyazawa)

Paul McCartney faz hoje o primeiro de uma série de cinco shows no Brasil.

Este é o quarto ano seguido em que o eterno beatle se apresenta por aqui. E hoje, em Cariacica (região metropolitana de Vitória), ele fará o décimo-sexto show em palcos do país: foram dois em 1990 (Rio de Janeiro), dois em 1993 (São Paulo e Curitiba), três em 2010 (Porto Alegre e São Paulo), dois em 2011 (Rio), três em 2012 (Recife, Florianópolis) e três em 2013 (Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza). E além do Espírito Santo, ainda tocará no Rio (12/11), Brasília (23) e São Paulo (25 e 26).

Verdade seja dita, apesar de algumas surpresas ocasionais, McCartney tem feito shows bastante previsíveis no que diz respeito ao repertório. Tirando as faixas mais famosas da época do Wings e algumas dos discos solo mais recentes (dessa vez ele apresenta o álbum “New”, de 2013), ele concentra a maior parte do set list de quase 40 músicas – cerca de 65%! – para músicas dos Beatles. Veja a provável lista aqui. Bem, ele pode. Você não faria o mesmo se fosse um dos compositores da maior banda de todos os tempos?

IMG_7993

Macca curte o Brasil em Goiânia, em 2013: o país virou porto obrigatório. (Foto: Pablo Miyazawa)

Mesmo quem já viu outros shows de McCartney espera pelos clássicos óbvios. E é claro que ele é praticamente obrigado a tocar “Yesterday”, “Hey Jude”, “Let it Be”, “Back in the U.S.S.R.” e “The Long and Winding Road” até o fim da vida – e essas nunca faltaram por aqui. Mas se quiser variar um pouco e demonstrar um carinho extra pelo fã brasileiro, Macca poderia nos reservar umas surpresinhas diferentes. Fica abaixo minha sugestão de sete faixas que pouco (ou nunca) aparecem no repertório do beatle, e que certamente deixariam os shows ainda mais interessantes.

***

“Here, There and Everywhere” (“Revolver”, 1966)
Nem é preciso ser fã radical para considerar esta uma das músicas mais bonitas escritas por Paul McCartney (que já declarou que esta é uma das favoritas dele). Ainda assim, a bela balada aparece esporadicamente no repertório desde 2003 – segundo o site colaborativo Setlist.fm, a última vez que ele a tocou em um show foi em 2008. Os brasileiros ainda tiveram a chance de conferi-la nos dois shows que Macca fez no Brasil em 1993, e nunca mais.


“Fixing a Hole”
(“Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, 1967)
Outra faixa não convencional da era psicodelica dos Beatles que pode ser identificada de longe como típica obra de McCartney. Ele a apresentou diversas vezes nas turnês de 1993 e 2005, mas nunca mais a tirou da gaveta. O que significa que os brasileiros ainda não presenciaram a música ao vivo – é difícil que ele faça isso dessa vez, mas quem aí se arrisca a levar um cartaz com o pedido?


“Maxwell’s Silver Hammer”
(“Abbey Road”, 1969)
“Why Don’ We Do it in the Road” (“Álbum Branco”, 1968)
Duas realmente “inéditas”: McCartney jamais as tocou ao vivo em suas turnês pós-Beatles. A primeira, do último álbum gravado pelo Fab Four, é composição solitária dele, e ficou de fora do “Álbum Branco” provavelmente por ser muito complicada (os parceiros assumidamente não gostavam da faixa). Já ‘Why Don’t We Do it…” foi escrita e gravada inteiramente por Paul, que apenas chamou Ringo Starr para adicionar a bateria (John Lennon não foi avisado previamente, e jamais perdoou o ex-parceiro por isso). Talvez pela natureza controversa dessas músicas, Paul prefere não relembrá-las hoje em dia. Mas há um consolo: ele já recitou as letras de ambas em um evento em Nova York, em 2001 (veja o vídeo).


“You Won’t See Me”
(“Rubber Soul”, 1965)
Faixa de mais longa duração gravada pela banda até 1965 (três minutos e vinte segundos), esta é outra das composições de McCartney que não foram tocadas ao vivo pelos Beatles originais, mas que ganharam vida quando o baixista começou a revisitar a carreira nas turnês mais recentes. Porém, já se vão 10 anos desde que ele a apresentou em um palco. Se decidir tocá-la em algum dos shows no Brasil, será um fato inédito. Pode ser difícil de acontecer, mas não custa nada pedir.


“Hello Goodbye”
(“Magical Mystery Tour”, 1967)
Das canções emblemáticas de Paul que não fazem parte da turnê atual, esta talvez seja a menos rara e mais frequente: ele já a tocou por aqui um punhado de vezes (duas no Rio na primeira turnê, em 1990, no Rio novamente em 2011, e em Recife em 2012). Mas já faz dois anos que a faixa, que fez sucesso quando lançada em compacto duplo no Brasil em 1967, foi excluída do repertório padrão de McCartney. Será que poderia voltar em algum dos shows por aqui?


“She’s Leaving Home”
(“Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, 1967)
É uma das músicas mais belas da história dos Beatles, e também uma das últimas escritas em conjunto pela dupla Lennon e McCartney. Mas talvez pelo arranjo orquestrado da versão original (há instrumentos de corda, inclusive uma harpa) e andamento lento, Paul raramente a apresenta nos shows – a última vez ocorreu na turnê de 2003. O vídeo abaixo mostra uma emocionante performance na Praça Vermelha, em Moscou, que deixa claro que nenhum fã brasileiro reclamaria se pudesse enfim conferi-la ao vivo.


O estranho mundo de “Weird Al” Yankovic: ele mudou o videoclipe para melhor
Comentários Comente

Pablo Miyazawa

weirdalyankovic

“Weird Al” Yankovic recria Rambo: o humorista fez da paródia musical sua obra de arte. (Reprodução)

Na distante época pré-YouTube, o trabalho do músico-humorista “Weird Al” Yankovic já era de certa forma mítico. Os absurdos vídeos-paródia que ele criava não eram exatamente frequentes na MTV e outros canais musicais durante as décadas de 80 e 90. Mesmo assim, ele adquiriu para si um status de artista cult e uma base de fãs fiéis. Mas o maior mérito dele foi tornar digerível a ideia de transformar canções de sucesso em versões satíricas, algo que hoje é considerado carne de vaca na internet. Yankovic tem realizado esse trabalho há mais de três décadas. E hoje, 23 de outubro, ele completa 55 anos.

O californiano Alfred Matthew Yankovic pode comemorar o fato de ser um dos poucos artistas de décadas passadas (ele começou a fazer versões e vídeos no início dos 1980) que talvez seja muito mais popular atualmente do que quando se encontrava em seu suposto auge. Só que ao que parece, o auge de Yankovic ainda não chegou. Ele continua a fazer sucesso com suas paródias engraçadíssimas de hits contemporâneos, de Lady Gaga a Robin Thicke, passando pelo hip-hop de Eminem Chamillionaire.

Esse renovado apelo com a nova geração se deu graças à utilização inteligente do YouTube, a plataforma com a qual Yankovic melhor difundiu seu trabalho para um público que nem sabe mais o que é assistir a um videoclipe na televisão. O último disco dele, “Mandatory Fun”, saiu em julho passado e entrou em primeiro lugar na parada norte-americana. Nada mal para um punhado de músicas engraçadas feitas para perturbar e que poucos críticos levavam a sério. E os artistas satirizados raramente desaprovam as “homenagens”.

O trabalho de Yankovic como músico é também algo fora-de-série. Por mais bizarro que possa parecer, a habilidade dele com o acordeão é de um virtuosismo incomum, e o alcance de seu timbre elástico o permite emular vozes com destreza. Na parte das letras, é um rei dos trocadilhos inteligentes, reinterpretações absurdas e duplo sentido de bom gosto. Mas é no mundo do videoclipe que a genialidade de “Weird Al” é mais aparente. Hoje ele continua mandando bem, mas minha fase favorita é a primeira, quando ele ainda ostentava camisas floridas, óculos caretas e um bigodinho. Como homenagem pelo aniversário do mestre da zoeira musical, selecionei meus 11 vídeos favoritos, mais cinco das melhores “Weird Al Interviews” que ele realizou. Onze vezes cinco dá 55, a idade que “Weird Al” Yankovic alcança hoje. Ele certamente teria curtido essa referência sem sentido.

***

Os 11 Melhores Clipes Clássicos de Weird Al Yankovic:

“I Love Rocky Road” (1983)
Um dos primeiros vídeos de Yankovic foi produzido antes mesmo de ele lançar o primeiro álbum. Aqui, ele satiriza o hit eterno de Joan Jett e troca o amor pelo rock and roll pela vontade incontrolável de tomar sorvete de flocos.

“Eat It” (1984)
O clipe que fez o mundo prestar atenção a Weird Al. A paródia do “Beat It” de Michael Jackson é perfeita na letra e hilariante na precisão do videoclipe, que rendeu a ele o 12º lugar na parada de singles americana. E vale dizer que o próprio MJ não se ofendia e era fã declarado de Yankovic.

“I Lost on Jeopardy” (1984)
Versão da não tão conhecida “Jeopardy”, da Greg Kihn Band, esta vale pelo clipe bem produzido que mostra Weird Al sofrendo derrotas em um famoso game show de perguntas e respostas. O vocalista da música parodiada aparece no vídeo, assim como o apresentador e o locutor originais de “Jeopardy!”.

“Like a Surgeon” (1985)
Madonna nunca foi muito esculachada por Weird Al, mas esta versão de “Like a Virgin” compensa. Aqui, ele exibe criatividade ao fugir quase que completamente da temática sexual da música original. Quase, porque ele não se intimida em dar gritinhos, sensualizar e se esfregar no chão como a loira faria.

“Dare to be Stupid” (1985)
Outro sinal da percepção musical de Yankovic é quando ele cria canções totalmente originais apenas inspirado no estilo de algum artista. Foi o caso dessa paródia completa ao Devo, com direito a um vídeo ensandecido, uma batida empolgante (que poderia mesmo ser do Devo) e até um solo de banjo (!).

“Living With a Hernia” (1986)
Weird Al emula James Brown a sua maneira, em uma das versões mais infames da primeira fase de sua carreira. Aqui, “Living in America”, faixa patriota da trilha do filme “Rocky IV”, transforma-se em um lamento causado por uma incômoda hérnia de disco. O resultado é impecável e de chorar de rir.

“Fat” (1988)
Além da paródia do Nirvana (veja mais abaixo), este é o vídeo mais conhecido de Weird Al. Repetindo o que havia feito com “Eat It”, ele elevou ao máximo a fixação por detalhes, recriando a emblemática “Bad” de Michael Jackson com assombrosa perfeição – obviamente, alterando histericamente o tema original. O single chegou ao top 40 e rendeu um Grammy de melhor vídeo conceitual.

“Smells Like Nirvana” (1992)
Se havia dúvidas de que Weird Al Yankovic é um gênio da paródia visual, a prova está aqui: muita gente demorava a perceber que não se tratava do clipe de “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana. Assim como a original, a versão fez muito sucesso e trouxe o mito novamente para a alta rotatividade na MTV.

“Bedrock Anthem” (1993)
Na cabeça de Weird Al Yankovic, faz sentido pegar “Give it Away” do Red Hot Chili Peppers e criar uma conexão com Os Flintstones. Chama a atenção aqui também a perfeição da recriação do clipe original. Algum desavisado poderia pensar que Anthony Kieds tinha emagrecido e deixado o bigode crescer.

“Amish Paradise” (1999)
A maior contravenção de Weird Al foi transportar a dureza urbana de “Gangsta’s Paradise” para o universo bucólico da religião amish. Quem não gostou foi o rapper Coolio, que alegou não ter sido consultado pelo humorista (mas acabou entrando em acordo de divisão de royalties mais tarde). Depois do caso, Yankovic nunca deixou de pedir permissão para os artistas que quis parodiar.

“The Saga Begins” (1999)
Versão de “American Pie” de Dan McLean, na qual Weird Al tenta pegar carona no hype do lançamento de “Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma”. A proeza dele foi criar previamente uma letra detalhada e um vídeo que remete perfeitalmente ao visual renovado dos filmes de George Lucas sem nem ao menos ter assistido ao longa.

***

Bônus – “Weird Al” Yankovic Interviews
Tão divertidos quanto os clipes musicais são as perturbadoras entrevistas “fake” que ele criava com celebridades da música e eram transmitidos no canal de comédia Al TV. Explicando: Weird Al utilizava entrevistas reais de artistas concedidas previamente para outras pessoas, e as reeditava para tirar do contexto as declarações. Estas são cinco das mais absurdas – e minhas favoritas.

“The Paul McCartney Interview” (1996)

“The Madonna Interview” (1996)

“The Britney Spears Interview” (2003)

“The Celine Dion Interview” (2003)

“The Avril Lavigne Interview” (2003)


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>