dusty springfield – Blog do Pablo Miyazawa http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br Uma visão jornalística (e um tanto pessoal) sobre tudo o que ecoa e importa na cultura pop mundial: atualidades e obscuridades da música, cinema, videogames, televisão, quadrinhos, literatura e internet. Mon, 01 Oct 2018 19:38:08 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Barry Manilow lançou um disco de duetos – e todos os parceiros estão mortos http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/11/02/barry-manilow-lancou-um-disco-de-duetos-e-todos-os-parceiros-estao-mortos/ http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/11/02/barry-manilow-lancou-um-disco-de-duetos-e-todos-os-parceiros-estao-mortos/#respond Sun, 02 Nov 2014 08:00:18 +0000 http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/?p=384 barrymanilow_uol

Manilow não precisou evocar os espíritos para cantar com os ídolos mortos (Reprodução/Facebook)

Quer curtir musicalmente o Dia de Finados de um jeito tranquilo – e bem esquisito?

A dica é se arriscar no novo disco de Barry Manilow. Cantor, pianista, compositor que estourou nos anos 1970, ele é uma instituição da música popular “adulta” dos Estados Unidos. Entre alguns altos e baixos, continua em plena atividade após 50 anos de carreira, fazendo shows e lançando álbuns (ele tem 71 anos de vida, com a voz ainda em cima). Escute “Mandy” (que ganhou uma versão em português cantada por Marcelo Augusto, lembra dele?), “I Write the Songs”, “Can’t Smile Without You” e comprove que sim, você conhece alguns dos maiores sucessos de Manilow (provavelmente por causa de seus pais e tios).

Essa longevidade e crédito com as velhas gerações dá a Manilow a permissão de cometer certas bizarrices. E isso significa o disco “My Dream Duets”, lançado há uma semana. O título refere-se aos duetos que o cantor sonhava realizar. E por que não fazer isso do jeito mais difícil, ou seja, cantando com donos de vozes que já não estão mais entre nós?

É isso aí. Barry Manilow fez um disco inteiro só de parcerias vocais com cantores(as) que já morreram. Isso não é tão incomum assim – lembra dessa música aqui? –, mas deve ser a primeira vez que um artista faz um disco inteiro dessa forma. Obviamente, não são faixas inéditas. Ele pegou algumas de suas canções favoritas, extraiu e separou as vozes, refez os arranjos, inseriu a trilha de voz original e combinou a própria voz dele ao resultado. Em algumas faixas, ele harmoniza por cima da voz principal; em outras, muda letras, alterna versos, adiciona frases melódicas e até “conversa” com os parceiros fantasmas. Soa perturbador, ainda mais quando compreendemos o caráter sobrenatural desses encontros.

O resultado, seja dita a verdade, é cafona e de gosto duvidoso. Mas rende várias proezas ao cantor: uma, ele consegue nos fazer esquecer como soavam as versões originais desses clássicos. E dois, o disco é uma impressionante realização da tecnologia de áudio. Não soa como um karaokê. A interação entre a voz de crooner emocionado de Manilow às interpretações dos homenageados mortos é primorosa, tecnicamente falando (sem entrar no mérito de quão “modernas” as novas músicas soam). Dá até para imaginar Manilow cantando junto no estúdio, ou mesmo dividindo o palco com esses artistas, os olhos cheios de lágrimas, agitando as madeixas loiras.

Os parceiros do plano espiritual foram escolhidos a dedo: Whitney Houston, John Denver, Louis Armstrong, Sammy Davis Jr., Dusty Springfield e Marilyn Monroe, entre outros, em um total de 11 faixas. Confira abaixo a nova versão da eterna “What a Wonderful World”, de Louis Armstrong, e tente avaliar o que isso tudo significa. É mesmo um pouco esquisito ou estou exagerando?

Não quero dar uma de futurólogo pessimista, mas do jeito que anda a crise de originalidade na música, aposto que a onda vai pegar. Esse é apenas o começo.

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