rolling stone – Blog do Pablo Miyazawa http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br Uma visão jornalística (e um tanto pessoal) sobre tudo o que ecoa e importa na cultura pop mundial: atualidades e obscuridades da música, cinema, videogames, televisão, quadrinhos, literatura e internet. Mon, 01 Oct 2018 19:38:08 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Entrevista: o ano perfeito do Boogarins (e o que 2015 promete para a banda) http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/12/03/entrevista-o-ano-perfeito-do-boogarins-e-o-que-2015-promete-para-a-banda/ http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/12/03/entrevista-o-ano-perfeito-do-boogarins-e-o-que-2015-promete-para-a-banda/#respond Thu, 04 Dec 2014 00:29:15 +0000 http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/?p=858 Boogarins1

“Dinho” Almeida (à esq.) e Ynaiã Benthroldo, metade do Boogarins. (Foto: Mídia Ninja/Divulgação)

O Boogarins foi uma das unanimidades da música brasileira em 2014.

E não está errado quem acha que eles surgiram “do nada”. Há pouco mais de um ano, o grupo formado em Goiânia jamais tinha feito shows fora do próprio estado. Mas graças a um bem executado espírito de “do it yourself” potencializado pela internet, a banda conseguiu lançar seu primeiro disco nos Estados Unidos antes mesmo de ter qualquer registro oficial no Brasil.

O grupo começou as atividades em 2012, ainda como uma dupla. Sozinhos, os guitarristas Fernando “Dinho” Almeida e Benke Ferraz gravaram as dez faixas que formam o disco  “As Plantas que Curam”. O título é uma homenagem à avó de Benke, adepta da medicina natural. Já o nome da banda veio de uma flor, o bogarim, da família do jasmim, que significa o “amor vivo e puro que existe dentro da pessoa”.

A repercussão positiva do disco rendeu à banda convites para se apresentar em festivais internacionais (foram mais de 100 shows fora do Brasil), boas críticas em grandes publicações e certo barulho na imprensa brasileira. No final de outubro, a banda venceu a categoria Artista Revelação do Prêmio Multishow, recebendo o prêmio das mãos de Ivete Sangalo. Semanas depois, apareceu na escalação do primeiro dia do festival Lollapalooza Brasil 2015. Para encerrar o ano perfeito, o quarteto foi uma das atrações do Popload Festival, que aconteceu na semana passada.

Escrevi uma reportagem sobre a trajetória do Boogarins para o UOL Música, que pode ser lida aqui. E abaixo, você confere mais trechos inéditos da entrevista com o guitarrista Benke Ferraz.

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Ao longo de 2014, vocês fizeram muitos shows para plateias estrangeiras que desconheciam vocês. Daí, o “As Plantas que Curam” passou a repercutir e o público foi respondendo de modo diferente às músicas. Como vocês acompanharam a evolução da recepção ao trabalho da banda? 
Benke Ferraz: Nós tocamos muito pouco fora de Goiânia, antes da turnê internacional. Basicamente alguns shows pelo estado de São Paulo, em Recife e em Uberlândia. Em Goiânia, já tínhamos um publico cativo desde as primeiras apresentações, o que era a única coisa que esperávamos lançando as músicas antes de fazer shows. Após passar seis meses fora do país, tocando em todo canto, era de se imaginar que aumentaria a procura para que tocássemos em novos lugares aqui no Brasil e de certa forma, muita gente já conheceu as músicas. Mas o show é uma experiência totalmente diferente do disco, né? Nos Estados Unidos, pudemos tocar para platéias que nos desconheciam totalmente, caso dos shows de abertura pra atos maiores, como o Guided By Voices.
Mas, como o disco foi lançado oficialmente lá, também encontramos platéias bem familiarizadas com nossas músicas – mesmo que não cantando as letras por motivos óbvios [risos]. Ele esteve na lista dos 10 melhores de 2013 pelo “Chicago Tribune” e tocou bastante nas rádios de música alternativa de alguns estados. Coube a nós cumprir uma rota de turnê que, como diz o Raphael [Vaz, baixista], “plantasse a sementinha” em cidades que estivessem entre as cidades onde nós já tínhamos algum respaldo do público.

Você andam experimentando músicas novas nos shows recentes. Como o público está reagindo a elas? Chegaram a modificar as músicas antes de gravá-las para o disco, levando em consideração a recepção a elas ao vivo?
Para mim, é só maravilha [risos]. Tentamos sempre manter o primeiro disco como base do repertório, mas quando podemos fazer sets mais longos, gostamos de mostrar as coisas novas. Com certeza mudamos bastante coisa na hora de gravar. Tem coisa que funciona na energia do show, mas que gravado, com a pessoa podendo escutar aquilo nas mais diversas situações, não vai bater tão forte. Temos isso bem claro pra gente: palco e estúdio são ambientes diferentes, e como banda, procuramos coisas bem distintas em cada um. Mesmo que o disco tenha sido gravado ao vivo, não é pra ser um registro de como a banda soa ao vivo. É para ser qualquer coisa.

E o que você pode falar sobre o disco novo? Nome, faixas, estilo, influências, produtor… Tem previsão de lançamento?
Assim como o “As Plantas que Curam”, vejo esse novo trabalho como um disco de canção. As influências são muito soltas em estilo e estética, mas tudo aquilo feito com fluidez e verdade acaba nos inspirando a criar e a elaborar, não importa se é lo-fi ou high definition [risos]. O disco foi produzido pela banda. Gravado pelo Jorge Explosión, no Circo Perrotti, em Gijon, na Espanha. A nossa expectativa é ter o disco lançado no primeiro semestre de 2015. Mas sem pressão [risos].

O Ynaiã Benthroldo, ex-Macaco Bong, entrou na banda com a saída do Hans Castro, baterista anterior, que virou pai. Ele é um integrante fixo agora? E no disco, quem tocou a bateria?
Já está rolando muito bem. Pouco mais de um mês tocando com o Ynaiã e temos a impressão de tocar juntos há tempos. O disco foi gravado pelo Hans. Ele ainda fez outros dois meses de turnê com a gente após isso. Praticamente não pôde acompanhar a gravidez. Foi um momento complicado pra gente, mas agora tudo está nos eixos, inclusive as nenês já vieram ao mundo.

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Raphael Vaz (baixo) e Benke Ferraz (guitarra) em ação. (Foto: Mídia Ninja/Divulgação)

Os últimos 12 meses foram intensos para o Boogarins. Vocês surgiram do nada e alcançaram muito em pouco tempo. Quem os vê no palco não imagina que a banda é tão recente, nem que vocês são tão novos (Benke tem 21 anos e Dinho, 22). Como estão fazendo para manter os pés no chão? Há pressões, internas ou externas?
As coisas mudaram demais nesse ano realmente. Por mais que o contato da Other Music [selo que lançou “As Plantas que Curam” nos EUA] tenha acontecido no inicio do ano passado, tudo ainda estava no campo das ideias, não sabíamos o que iria acontecer de verdade.
Acho que a pressão sempre foi muito mais interna por causa disso. A gente sempre quis fazer isso, tocar e tocar e tocar. Mas se ano passado nos falassem que faríamos quase 150 shows em um ano, provavelmente ficaríamos amedrontados [risos] Tendo vivenciado essa rotina aprendemos muito, muito mesmo. Acredito que isso nos fez fincar os pés no chão ainda mais. Esse é o jeito de se fazer as coisas. Ansiosidade, impaciência, vaidade, são tipos de coisas que não podem tomar espaço. O Dinho me ajuda muito nesse trabalho diário do “despreocupar”.

Quais foram os melhores momentos desses últimos meses – viagens, prêmios, consagração? Alguma coisa que não deu certo, mas que vocês queriam que tivesse rolado?
Aconteceu muita coisa doida, né? Tocamos com muita gente massa, e com certeza não daria pra eu citar um momento em especial para a banda como um todo. Cada um dos meninos deve ter algo pra dizer. Eu fiquei muito feliz quando o Neil Halstead, do Slowdive, veio falar comigo após um show nosso em Oslo. Fiquei em choque. Sorte que uma norueguesa bonita se ofereceu pra tirar uma foto nossa, caso contrario nem teria como provar isso. Ver nosso disco e “Lucifernandis” na lista dos melhores de 2013 da “Rolling Stone” foi uma doideira também. Quando o Black Drawing Chalks conseguiu o primeiro lugar com “My Favorite Way” [em 2009], fiquei muito admirado. Estava no primeiro ano e começando a escrever canções com o Dinho e outros amigos e não via esse tipo de meta no horizonte [risos]. Engraçado como que no meio da correria a gente nem acaba comemorando tais conquistas, mas agora mesmo estou bem feliz.

E que tal a responsabilidade de ser uma das bandas nacionais no elenco do festival Lollapalooza 2015?
Acho demais. Gostamos mesmo de tocar em locais pequenos, mas sempre é legal ter a oportunidade de tocar pra tanta gente assim. O que esperamos é fazer quem assistir nosso show pela primeira vez no Lolla, voltar a nos assistir em algum evento mais intimista, onde podemos extrapolar mais e ter certeza de que o som está alto.

 

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Se a nudez é algo comum nas capas de revistas, o bumbum ainda é um tabu http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/11/12/se-a-nudez-e-algo-comum-nas-capas-de-revistas-o-bumbum-ainda-e-um-tabu/ http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/11/12/se-a-nudez-e-algo-comum-nas-capas-de-revistas-o-bumbum-ainda-e-um-tabu/#respond Wed, 12 Nov 2014 21:53:43 +0000 http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/?p=576 kimcover1

Kim Kardashian causou de novo.

Dessa vez, a estrela midiática (e mulher de Kanye West) mostrou o traseiro desnudo na capa da revista “Paper”, fotografada por Jean-Paul Goude. É claro que a capa acima é a versão 1, mais comportada. Para ver a já famosa capa 2, aquela que fez a internet entrar em parafuso, clique aqui.

Não que a nudez fosse uma novidade para Kim, muito menos para as capas de revistas. Aparecer como se veio ao mundo é uma tática recorrente em publicações de cultura pop – e não estou incluindo nesse grupo as ditas “masculinas” como a “Playboy”. A “Rolling Stone” foi uma das pioneiras em colocar as celebridades em situações de nudez, e a tendência seguiu com força nos anos 1990, persistindo até hoje. Recentemente, a publicação americana exibiu os cofrinhos da atriz Julia Louis-Dreyfus e do apresentador Jimmy Kimmel.

“Esquire”, “GQ” e “Vanity Fair” são outras das publicações de peso que se utilizam constantemente do recurso do nu, mas revistas de moda como “Vogue”, “W” e “Lui” também não se furtam a tirar as roupas de suas modelos sempre que possível.

Decotes, seios, pernas e poses provocantes são o praxe de qualquer revista que se diga “ousada”. Mas me parece que a bunda ainda é um tabu no universo editorial – mesmo os traseiros masculinos pouco aparecem por aí. Seria por medo de rejeição por parte dos consumidores conservadores? (Duvido). Ou por que esse seria o limite do que se é permitido expor no meio impresso? (Mais provável). Seja como for, nádegas em capas são raridades. Selecionei a seguir algumas poucas que corajosamente mostraram retaguardas famosas com não tanta vergonha.

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Kate Moss na revista “Lui”
Março de 2014 – Foto por Terry Richardson
A ousada revista francesa de moda já despiu muita gente nos últimos tempos – de Rihanna a Gisele Bündchen –, mas ninguém se expôs tanto ali quanto a top model mais controversa dos últimos 20 anos.

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Jennifer Aniston na “Rolling Stone”
Março de 1996 – Foto por Mark Seliger
Jennifer era a onipresente namoradinha da América na época, graças ao sucesso como a Rachel de “Friends”. A bela capa chocou tanto pela ousadia como pela naturalidade com que a atriz se deixou revelar.

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Kylie Minogue na “GQ Italia”

Agosto de 2014 – Foto por Steve Shaw
A pose inspirada na famosa propaganda do protetor solar Coppertone não é novidade no mundo editorial – ela já foi imitada por Jim Carrey na “Rolling Stone” e Carmen Electra na “Esquire”. O resultado é sempre mais divertido do que ousado.

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Scarlett Johansson e Keira Knightley na “Vanity Fair”
Março de 2006 – Foto por Annie Leibovitz
As jovens estrelas de Hollywood tiraram tudo para a “Vanity Fair”, mas Scarlett foi mais ousada, adiantando ao mundo a região de seu corpo que ficaria famosa anos mais tarde – infelizmente por causa de uma selfie vazada.

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John Lennon e Yoko Ono na “Rolling Stone”
Janeiro de 1981 (EUA) / Janeiro de 2011 (Brasil) – Foto por Annie Leibovitz
Talvez a capa de revista mais famosa e premiada de todos os tempos. Além da nudez do beatle, ela chocou pela circunstância macabra: a foto foi tirada algumas horas antes de Lennon ser assassinado em Nova York, em 8 de dezembro de 1980.

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Stephen King escreve para fazer você feliz – e a ele próprio também http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/11/05/stephen-king-escreve-para-fazer-voce-feliz-e-a-ele-proprio-tambem/ http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/2014/11/05/stephen-king-escreve-para-fazer-voce-feliz-e-a-ele-proprio-tambem/#respond Wed, 05 Nov 2014 19:46:55 +0000 http://pablomiyazawa.blogosfera.uol.com.br/?p=453 1

Stephen King em 2012: ele não dá mais ouvidos para os críticos. (Foto: AP Photo/Elise Amendola)

Quem aí ainda lê os livros de Stephen King?

Eu confesso que não leio tanto quanto gostaria. Aliás, li muito pouco em relação à enorme quantidade de livros que ele continua a produzir. O que é até uma contradição, porque eu o considero um dos meus escritores vivos favoritos. Mas meu enorme respeito a ele não está exatamente ligado ao estilo de escrita ou às histórias que ele inventa. Faz sentido?

Um dos mais prolíficos e lidos escritores das últimas quatro décadas, King lança uma média de mais de um livro por ano, sem contar os volumes de contos e crônicas. E mesmo que a categoria de suas histórias tenha lá seus altos e baixos, ninguém pode questionar a produtividade do sujeito – são 67 anos de idade, e pelo menos 50 deles dedicados a escrever. E voltando ao questionável fator qualidade, é bom lembrar que quase 60 longas-metragens baseados na obra dele já foram produzidos. Se as histórias de King fossem muito ruins, será que tantos se dariam ao trabalho de filmá-las?

RevivalNa semana que vem, ele lança “Revival”, 54º romance de sua carreira, que tem sido descrito como “uma versão da história de Frankenstein nos tempos modernos”. Para promover o livro, King deu uma longa entrevista para a revista Rolling Stone. É um fato raro, porque desde que sofreu um acidente automobilístico, em 1999, ele pouco falou com jornalistas ou se abriu sobre sua vida pessoal. Uma biografia foi lançada em 2010 (“Coração Assombrado”), mas sem a participação do biografado. O mais próximo que há de uma autobiografia de King é o indispensável “On Writing – A Memoir of the Craft” (2000), um delicioso guia sobre técnicas e a arte de escrever bem, e que deveria ser uma das bíblias de todo aprendiz de escritor que se preze. Ao que tudo indica, “On Writing” finalmente será lançado no Brasil em 2015, pela editora Suma de Letras.

Voltando à entrevista, King falou sobre tudo o que lhe cabe. Política, religião, deus e o diabo, o futuro dos livros de papel, a relação de dependência a drogas e álcool, sobre a arte de escrever e o medo de falhar. Assim como é quando escreve histórias fantásticas, ele não tem o menor problema em se expressar e ser claro, principalmente quando se trata de criticar quem o critica. Muitos autores que fazem sucesso com o público não são aclamados pela chamada “academia”, e King por muito tempo fez parte dessa leva. Hoje ele é até mais respeitado (e o sucesso com o público pouco cedeu), mas ainda guarda certo rancor de quem o desdenhou pelos temas que imperam em sua obra – o suspense e o terror.

King relembrou uma das alfinetadas que mais lhe afetou. “No começo da minha carreira, o [jornal] ‘The Village Voice’ fez uma caricatura minha que me dói até hoje se penso a respeito. Era eu comendo dinheiro, com uma cara enorme, inchada. Era um pressuposto de que se [um livro de] ficção estava vendendo muitas cópias, é porque era ruim. Se algo é acessível a muitas pessoas, então tem que ser algo burro, porque a maioria das pessoas são burras. E isso é elitista. Eu não aceito.”

O escritor norte-americano sabe que hoje não só é mais respeitado pelo conjunto de seu trabalho, como também foi o responsável por elevar o nível desse gênero da literatura. Mas Stephen King também sabe retribuir à altura a arrogância de alguns críticos que desmerecem seus livros por serem pop ou acessíveis demais. “Há alguns por aí que pegam a ignorância deles sobre cultura popular como um distintivo de bravura intelectual”, declarou.

Outro trecho que surpreende é quando King admite que não compreende o atual culto em torno do filme “O Iluminado”, baseado em seu livro de 1977. É hilária a parte em que ele descreve a reação que teve na primeira vez que assistiu ao adorado longa de Stanley Kubrick (e é de fazer um fanático pelo filme cair para trás).

“Eu não entendo [o culto ao filme]. Mas tem muitas coisas que não entendo. Mas obviamente as pessoas adoram, e elas não entendem o porquê de eu não [gostar também]. O livro é quente, o filme é frio. O livro termina com fogo, e o filme, no gelo. No livro, existe um arco em que você vê esse cara, Jack Torrance, tentando ser bom e aos poucos se tornando um maluco. E pelo que percebi, quando vi o filme, o Jack é maluco desde a primeira cena. Eu tinha que manter minha boca fechada na época. […] E o filme é tão misoginista, digo, a Wendy Torrance é apresentada como uma mocreia que só fica gritando. Mas esse sou eu, é como eu sou.” Ou seja, King provavelmente ficou incomodado com o fato de a versão cinematográfica não carregar a essência da obra original. Se ele tem amor pelo próprio trabalho, então essa visão é bastante justa.

Pessoalmente, acho interessante e inspirador perceber Stephen King como um escritor realizado e bem-sucedido que continua a trabalhar para agradar o seu leitor. E apesar de afirmar que é impulsionado a satisfazer o máximo de pessoas possível, ele garante que jamais se limitaria a fazer apenas o que o público espera dele. Sobre o tortuoso ofício de escrever, definiu de maneira perfeita: “Tem duas coisas sobre isso de que gosto: isso me faz feliz, e faz outras pessoas felizes.”

Goste você ou não das histórias de Stephen King, tem como não respeitar um cara desses?

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