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O novo do Foo Fighters chegou; ouça as oito faixas de “Sonic Highways”
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Pablo Miyazawa

foofighters

O novo disco do Foo Fighters, “Sonic Highways”, saiu nesta segunda-feira, 10 de novembro. Semanas antes, a banda de Dave Grohl havia desvendado mais da metade do trabalho, em singles lançados todas as sextas-feiras desde a metade de outubro. Tudo faz parte da caprichada estratégia de lançamento do álbum, que também inclui um documentário em forma de seriado exibido atualmente no canal HBO (no Brasil, “Sonic Highways” será exibido no canal BIS a partir do fim do mês).

“Sonic Highways” é um álbum conceitual que homenageia as chamadas “capitais da música” dos Estados Unidos. A banda escolheu a dedo oito cidades e compôs canções sobre cada uma delas, gravando em estúdios locais e contando com participações especiais de músicos relevantes das respectivas cenas. O resultado é interessante e diversificado, ainda que não seja exatamente o disco mais conciso já produzido pelo grupo. Mas como experimento artístico e jogada de marketing, é bastante válido. Grohl prometeu algo surpreendente para o próximo passo do Foo Fighters, e não estava exagerando.

Se preferir, escute o disco inteiro clicando aqui. Ou vá ouvindo pelos vídeos abaixo.

“Something from Nothing”
O primeiro single é uma homenagem a Chicago e foi gravado no estúdio Electrical Audio, do mítico produtor Steve Albini (de “In Utero” do Nirvana). Conta com a participação do guitarrista Rick Nielsen, do Cheap Trick.

“The Feast and the Famine”
O single número dois celebra a capital americana Washington D.C., onde Dave Grohl passou a adolescência e se envolveu com a cena hardcore local. Foi gravada no Inner Ear Studios com a participação dos veteranos do Bad Brains.

“Congregation”
Nashville, ou melhor, a rica cena country da capital do Tennessee, foi a inspiração do terceiro single de “Sonic Highways”. Gravado no estúdio Southern Ground, contou com a participação vocal do astro local Zac Brown.

“What Did I Do? / God as My Witness”
O quarto single foi gravado em Austin, cidade texana que se intitula a capital da música e que abriga o cultuado festival South by Southwest. Gravada no KLRU-TV Studio 6A, teve a participação do guitar hero Gary Clark Jr.

“Outside”
O quinto single de “Sonic Highways” é uma celebração a Los Angeles. A faixa foi gravada em Rancho De La Luna, em Joshua Tree, e tem como convidado o guitarrista Joe Walsh, do The Eagles.

“In the Clear”
Dedicada a Nova Orleans, teve participação da big band Preservation Hall Jazz Band e foi gravada em um estúdio improvisado no próprio Preservation Hall.

“Subterranean”
Gravada no Robert Lang Studios, em Seattle, conta com a voz e a guitarra de Ben Gibbard, líder do Death Cab for Cutie/Postal Service.

“I Am a River”
Exaltando Nova York e fechando o disco, a faixa traz a guitarra extra (e quase inaudível) da musa Joan Jett e foi gravada no estúdio The Magic Shop.

E você, como recebeu “Sonic Highways”? Em breve eu digo o que achei do disco completo.


Após 30 anos, cidade de Os Goonies ainda vive o espírito do filme
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Pablo Miyazawa

goonies abre

Stef, Bolão, Dado, Mikey, Bocão, Brand e Andy: Goonies para sempre (Foto: Reprodução)

Dá para acreditar que “Os Goonies” fará 30 anos em 2015?

É, o tempo passa rápido quando estamos nos divertindo. A estreia ocorreu em 7 de junho de 1985, mas a produção do filme começou no final do ano anterior – mais especialmente em 22 de outubro de 1984. Quem garante é a Wikipedia. Para quem gosta de celebrações e efemérides, então aí está: hoje é, oficialmente, o dia em que “Os Goonies” completa 30 anos.

Para mim, esse é o filme de aventura infanto-juvenil mais emblemático dos anos 1980. Ok, “Curtindo a Vida Adoidado” é inesquecível, “Conta Comigo” é tocante, “Gremlins” é engraçadinho, “De Volta para o Futuro” é fascinante. “Os Goonies” é tudo isso junto em um só pacote e muito mais. Os ingredientes estavam todos lá, reunidos para agradar de cara qualquer criança com imaginação fértil. Navios piratas, tesouros escondidos, uma turma de desajustados e oprimidos se rebelando contra “o sistema”, romance, bandidos, bicicletas… e escorregadores gigantes. “Goonies” resistiu ao tempo, e se na época não foi tão aclamado pela crítica, é porque o cinema de ação ainda começava a se levar a sério. E além do mais, é um produto para crianças. Nenhum crítico daquela época pré-Pixar respeitava filmes feitos para o público infantil – “E.T.” seria uma exceção, mas como é uma obra do respeitado Steven Spielberg, a percepção foi diferente.

“Os Goonies” também foi uma ideia de Spielberg. Ele tinha a história, mas não queria dirigi-la, preferindo desempenhar o papel de produtor executivo. Então, entregou a função a Richard Donner, diretor de “Superman” e “Máquina Mortífera”. Há um documentário no DVD que mostra a dinâmica entre os dois – Spielberg é o maestro coordenando a magia nos bastidores enquanto Donner executa o trabalho sujo, controlando as atuações das crianças como um paizão enérgico. Funcionou, e os atores mirins conseguiram obter a química necessária para compensar a grande quantidade de cenas de ação vertiginosas e barulhentas. Criou-se um clássico cuja combinação perfeita jamais foi repetida.

É uma ótima notícia a de que Richard Donner e Steven Spielberg estão trabalhando em uma sequência – ainda mais porque o elenco original tem dito que toparia participar. Não será um filme fácil de compensar as expectativas de tantos fãs de meia idade, mas poderá ser um sucesso de bilheteria entre as novas gerações, mesmo se respeitado o ritmo mais “lento” do produto original. E não é que os atores tenham passado 30 anos reunidos esperando pelo grande revival. O último reencontro público do time completo foi em 2009, para uma reportagem da revista “Empire” (veja abaixo). Antes disso, eles se reuniram em 2001, para a gravação da trilha de comentários do DVD.

O que os fãs também esperam é que “ Os Goonies 2” (ou seja lá qual for o nome) seja produzido no cenário do primeiro filme, Astoria. Há exatas três décadas, as filmagens de “Os Goonies” tiveram início nessa cidadezinha à beira-mar de Oregon. Astoria jamais se recuperou por completo da experiência, e ainda vive, discretamente, é verdade, o espírito do filme. Não que aquilo fosse uma novidade para os quase 10 mil habitantes: não foram poucos os longas que usaram a região como pano de fundo. Discreta e cercada pelo mar e montanhas, repleta de sobrados ao estilo vitoriano, ruas sinuosas e árvores imponentes, Astoria parece mesmo o cenário perfeito para uma aventura adolescente em dia de chuva.

Visitei Astoria em abril passado, quando seguia de Portland para Seattle. A cidade fica no meio do caminho, quase na divisa entre estados (é preciso sair de Oregon, entrar no estado de Washington e atravessar a fronteira para Oregon novamente). A entrada não é memorável, nem há uma placa com a saudação “Bem-vindo à cidade dos Goonies” ou algo parecido. Para encontrar referências ao filme, é preciso saber procurar (ou consultar um dos inúmeros sites que mapearam a Astoria dos Goonies).

Vista interna do Cafe Astoria, cenário de cenas de “Os Goonies”. (Pablo Miyazawa/Arquivo Pessoal)

Vista interna do Cafe Astoria, cenário de cenas de “Os Goonies”. (Fotos: Pablo Miyazawa/Arquivo Pessoal)

Logo de cara, há um estabelecimento que que passa batido pelo público menos atento. Em 1984, o local abrigava uma loja de conveniência onde foi filmada uma cena posteriormente cortada (que pode ser vista nos extras do DVD). Nada na atual decoração do hoje Astoria Coffee Co.  lembra a cena, mas a simpática proprietária parece saber que a maioria dos turistas que entra ali são seguidores curiosos dos Goonies. Ocupada entre xícaras e sacos de grãos de café, ela não faz menção de promover seu negócio em cima do filme famoso. Preferiu comentar sobre o clima, um hábito típico dos habitantes do estado. “Vieram do Brasil para cá? Tiveram sorte! Não chove há três dias”, falou, apontando para o raro céu aberto com nuvens.

A regra é clara: somente “goonies a pé” são bem-vindos. (Pablo Miyazawa)

A regra é clara: somente “goonies a pé” são bem-vindos no local.

No mesmo quarteirão, subindo duas ladeiras, está o local específico mais emblemático de Astoria, pelo menos para os Goonies: a casa dos heróis Mikey (Sean Astin) e Brand Walsh (Josh Brolin), tão icônica que é conhecida como “The Goonies House”. Para os vizinhos, o sobrado elegante de cercas e paredes brancas é uma residência normal, com moradores que já habitavam ali antes mesmo do longa. Mesmo quando não estão presentes, é permitida a aproximação dos curiosos. Uma placa colorida saúda os visitantes com uma saudação e um aviso: “Goonies a pé são bem-vindos. Sem carros, por favor”.

A casa da família Walsh permanece impecável, mas não é aberta ao público. (Pablo Miyazawa)

A casa da família Walsh permanece impecável, mas não é aberta ao público. (Pablo Miyazawa)

A placa pede “privacidade” aos visitantes, para evitar invasões. (Pablo Miyazawa)

A placa pede “privacidade” aos visitantes, para evitar invasões.

Localizada no alto de um morro, a casa possui uma vista privilegiada da costa, da rodovia e dos telhados abaixo. Apesar da aparência ordinária, detalhes chamam a atenção. Uma placa ao lado da caixa de correios pede doações, enquanto outra diz “The Goondocks” (Docas Goon, o nome daquele bairro no filme). Bandeiras dos Estados Unidos e de Israel estão permanentemente hasteadas em um poste na varanda. Diante do portão da cerca, no exato lugar onde Chunk (Bolão, interpretado por Jeff Cohen) dançou o infame “truffle shuffle”, é possível ler um outro aviso que pede que os fãs “respeitem a privacidade” dos moradores. Provavelmente querem evitar visitas indesejadas de fanáticos pelo Sloth na sala de estar.

Os moradores da “Goonies House” pedem doações aos visitantes. (Pablo Miyazawa)

Os moradores da “Goonies House” pedem doações aos visitantes.

Separada por um gramado, a casa de Data (ou Dado na versão brasileira, papel de Ke Huy Quan) fica logo à frente, e também parecia vazia no dia da visita. É possível avistar a janela de onde o garoto desliza por um cabo de aço até a casa dos Walsh ao som da trilha de “007”. O local em si não conserva muitos dos detalhes vistos na telona, mas é impossível estar naquele terreno e não relembrar de cenas e diálogos inteiros. Não eram poucos os turistas adultos posando para fotos e comentando com os filhos “Esse filme faz parte da minha infância”. É até compreensível que para os mais novos o apelo não seja tão intenso. Apesar de ter envelhecido bem na narrativa, “Os Goonies” pode parecer visualmente datado para olhos mais acostumados a filmes frenéticos de Quentin Tarantino e J.J. Abrahms.

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A vista de Astoria do alto do morro onde se localiza a “The Goonies House”.

O centro de Astoria fica alguns quilômetros afastados dali pela via costeira. No caminho é possível ver o campo de futebol onde a mocinha Andy (Kerri Green) treina passos de cheerleader durante os créditos de abertura. Mais adiante está o museu onde o pai de Mikey trabalha, o Flavel House Museum, que é visto de relance quando os garotos passam com suas bicicletas ao som de “The Goonies R Good Enough” de Cindy Lauper. No mesmo quarteirão, na Duane Street, encontra-se outro edifício icônico: a delegacia de onde os bandidos Mama (Anne Ramsey) e Francis Fratelli (Joe Pantoliano) resgatam o irmão Jake (Robert Davi), no exato primeiro minuto do filme.

A cela onde Jake Fratelli escapa ainda guarda o bilhete que ele deixou ao policial. (Pablo Miyazawa)

A cela da prisão ainda conserva o bilhete que Jake deixou ao policial.

A cadeia existia mesmo, mas hoje não abriga mais foras-da-lei. Em 2010, coincidindo com as comemorações de 25 anos de “Os Goonies”, o local se tornou um museu cinematográfico que conta a relação de Astoria com filmes de Hollywood. Além de “Goonies”, outros longas como “Free Willy”, Um Robô em Curto Circuito” e “Um Tira no Jardim de Infância” foram filmados por lá. O museu é bem equipado e traz fotos, vídeos e brincadeiras interativas espalhadas por um espaço minúsculo, mas intacto: as celas do presídio continuam em pé e é até permitido entrar no espaço onde Jake se finge de enforcado antes de espancar o guarda.

A jaqueta de Dado (Ke Huy Quan), inspirada em 007. (Pablo Miyazawa)

A jaqueta de Dado (Ke Huy Quan) foi inspirada nos truques de 007.

Se o foco do Oregon Film Museum não está em “Goonies”, a obra acaba sendo a estrela do passeio. Uma das principais peças de memorabilia exibidas é o casaco de utilidades usado por Dado, com direito a “inças do perigo” e “sapatos escorregadios”. No final da visita, uma loja de suvenires vende camisetas, canecas e réplicas de dobrões espanhóis da coleção pessoal de Willy O Caolho. Quem responder a um quiz sobre os filmes do museu ainda pode levar um brinde (eu acertei e ganhei uma moeda dourada do pirata).

Para quem tiver tempo sobrando, ainda vale pegar outra estrada para a praia Cannon Beach, que fica a 50 quilômetros ao sul de Astoria, onde foram filmadas as cenas da fuga dos Fratelli. Mais adiante, na estrada Ecola State Park Road, também se pode apreciar a famosa vista costeira em que os Goonies enxergam as pedras do mapa do tesouro (as Haystack Rocks) e encontram o restaurante que servia de esconderijo dos bandidos (que foi construído especialmente para o filme e não está mais em pé). Todas as cenas subterrâneas, do navio pirata e a sequência final na praia, foram produzidas a centenas de quilômetros dali, em Los Angeles.

E para quem pensa em uma visita futura, talvez seja uma boa planejar a data: entre 5 a 7 de junho de 2015, Astoria irá abrigar o “Goonies Day”, evento em comemoração às três décadas do filme, com presença esperada de parte do elenco, exibições ao ar livre e atividades interativas. Mesmo para quem acha que já passou da idade de ser um goonie, é uma aventura imperdível.


Visite “Twin Peaks” enquanto ainda há tempo
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Pablo Miyazawa

twin peaks abertura Uma das melhores notícias das últimas semanas (pelo menos para mim) foi a volta da série “Twin Peaks”. O diretor David Lynch anunciou no Twitter que estaria se juntando ao roteirista Mark Frost para ressuscitar o programa que revolucionou a narrativa de ficção na televisão no início dos anos 1990. A terceira temporada está marcada para estrear em 2016 no canal Showtime, com nove episódios, exatos 25 anos após um desfecho repentino, sinistro e encharcado de explicações pendentes.

A placa não existe para valer – ela é uma pintura em um muro lateral do Cherry Cafe.

A placa não existe para valer – é só uma pintura em um muro lateral do Twede’s Cafe, em North Bend.   Fotos: Pablo Miyazawa/Arquivo Pessoal

A importância de “Twin Peaks” talvez não seja compreendida por quem não acompanhou o seriado na época em que foi exibido originalmente (a Globo transmitiu as duas temporadas aos domingos, após os Gols do Fantástico). Algo incomum para uma época pré-internet, o irresistível gancho da trama – “Quem matou Laura Palmer?“ – gerou uma cobertura considerável da mídia e criou uma verdadeira mania em torno dos personagens bizarros e da ambientação surrealista da fictícia Twin Peaks. Lynch conseguiu transportar o espírito de seus filmes com perfeição para a televisão, além de extrair do elenco as melhores performances de suas carreiras. É fato que nenhum ator conseguiu brilhar da mesma maneira após “Twin Peaks” – nem mesmo Kyle MacLachlan, perfeito como o caricato agente do FBI Dale Cooper, a síntese do mocinho tradicional com camadas obscuras embutidas.

Por muito tempo o culto a “Twin Peaks” ficou restrito à memória dos fãs antigos e aos tímidos lançamentos em DVD. Tudo mudou quando as duas temporadas apareceram disponíveis no Netflix, seguido do relançamento da versão em Bluray acompanhada de muito material inédito. A ideia da volta da série já era persistente na internet, e a empolgação dos antigos simpatizantes contagiou os novatos nas redes sociais. Os produtores devem ter concluído que, caso voltasse, “Twin Peaks” teria um bom público para apreciá-lo, formado não só por velhos devotos, mas por muitos fãs recentes.

Lembro de assistir a vários episódios na Globo em 1990 e não entender muita coisa. Sabia que aquilo parecia importante o bastante para eu me interessar, mas a condução toda particular de Lynch pouco facilitava. A combinação “thriller de mistério barra pesada com um pé no ocultismo” funcionava muito bem para qualquer moleque interessado em filmes de terror e detetive. E intrigava ainda mais saber que o público adulto não estava sacando muita coisa também. Ao que parece, a sensação de “que diabos está acontecendo?” fazia parte da experiência de se apreciar Lynch no conforto do lar. Revi tudo no ano passado (inclusive o telefilme “Os Últimos Dias de Laura Palmer”) e reafirmei na hora a minha condição de fã.

No começo desse ano, tirei férias e fui para a Costa Oeste dos Estados Unidos. O plano era visitar Portland e Seattle e procurar o que pudesse haver de interessante no caminho. Já estava lá quando me dei conta de que as cidades que serviram de cenário para “Twin Peaks” ficavam escondidas na mesma região.

Fachada do Twede's Cafe, uma homenagem de North Bend a “Twin Peaks”

Fachada do Twede’s Cafe, uma homenagem da cidade de North Bend aos fãs de “Twin Peaks”.

Com o carro alugado, saímos de Seattle em direção a North Bend, a 45 quilômetros de distância. O caminho é deslumbrante e silencioso, decorado por árvores imensas e montanhas nevadas ao fundo. Infelizmente (ou talvez felizmente), não existe uma cidade chamada Twin Peaks, mas North Bend não deixa o visitante esquecer que a série ganhou vida ali. Logo na entrada, o Twede’s Cafe premia o turista com um letreiro e o slogan “a casa da torta de cereja de Twin Peaks”. O restaurante está localizado no mesmo terreno onde antes havia o Double R Diner ficcional, mas todo reformado – o local original foi destruído em um incêndio. 

O “damn fine cup of coffee & slice of cherry pie”, a atração principal do cardápio do Twede's.

O “damn fine cup of coffee & a slice of cherry pie”, a atração principal do cardápio do Twede’s Cafe.

Por dentro, pode ser até um pouco decepcionante notar que o Twede’s em nada lembra o aconchegante diner onde o Agente Cooper costumava tomar sua xícara de café. Gentis, os donos do estabelecimento ao menos tentam atiçar os fãs enquanto capitalizam com a onda: há fotos da produção nas paredes próximas ao banheiro e a famosa dupla “damn fine cup of coffee & a slice of cherry pie” são as estrelas do cardápio de apelo gorduroso. Eles também vendem um pôster ilustrado que indica as outras localidades onde a série foi filmada na região. Hoje, são muitos os sites que se dedicam a mapear os arredores e tais pontos de interesse. Existe também um evento organizado anualmente em North Bend para reunir os fãs e promover atividades lúdicas ligadas ao universo “Twin Peaks”. 

As Snoqualme Falls, com o “The Great Northern Hotel” ao fundo.

As Snoqualmie Falls, com o “The Great Northern Hotel” (ou Salish Lodge & Spa) à esquerda.

North Bend ainda abriga a escola onde Laura Palmer, Audrey Horn e Donna Heyward estudavam. A fachada é quase irreconhecível, mas está lá. Mais interessante é pegar três quilômetros de uma estrada local para chegar a Snoqualmie. A cidade abriga as icônicas Snoqualmie Falls, constantes na sequência de abertura e nas cenas de ligação de “Twin Peaks”. O local recebe centenas de visitantes diariamente, mas dava para ver que quase ninguém estava ali por causa do carinho pelo seriado: para a maioria, aquela é apenas um obrigatório ponto turístico do estado de Washington. Talvez isso venha a mudar com o renascido falatório em torno do programa.

O saguão do hotel onde foi filmado grande parte de “Twin Peaks”.

O saguão do hotel onde foi filmada grande parte de “Twin Peaks” pouco conserva o clima da série.

Outra cereja do bolo se encontra no mesmo local. Construído em um ponto privilegiado da cachoeira está o The Great Northern Hotel (ou Salish Lodge & Spa na vida real), onde o Agente Cooper permaneceu hospedado durante 25 episódios. Não há uma única referência à série e a decoração moderna de hoje em nada lembra o estilo kitsch da versão original, mas uma rápida apreciada no saguão já pode proporcionar flashes de cenas clássicas. Para os fãs, quase não fica mais “Twin Peaks” do que isso.

Não é muita coisa, mas já é o bastante para valer um divertido passeio de algumas horas. Não dá para ter certeza se Lynch e Frost irão produzir a terceira temporada nos cenários originais, mas certamente eles pensarão a respeito. Enquanto não temos certeza do que veremos em 2016, vale a pena planejar um “tour Twin Peaks” em algum momento antes disso. É claro, se a cotação do dólar permitir.


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