Blog do Pablo Miyazawa

Se a nudez é algo comum nas capas de revistas, o bumbum ainda é um tabu
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Pablo Miyazawa

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Kim Kardashian causou de novo.

Dessa vez, a estrela midiática (e mulher de Kanye West) mostrou o traseiro desnudo na capa da revista “Paper”, fotografada por Jean-Paul Goude. É claro que a capa acima é a versão 1, mais comportada. Para ver a já famosa capa 2, aquela que fez a internet entrar em parafuso, clique aqui.

Não que a nudez fosse uma novidade para Kim, muito menos para as capas de revistas. Aparecer como se veio ao mundo é uma tática recorrente em publicações de cultura pop – e não estou incluindo nesse grupo as ditas “masculinas” como a “Playboy”. A “Rolling Stone” foi uma das pioneiras em colocar as celebridades em situações de nudez, e a tendência seguiu com força nos anos 1990, persistindo até hoje. Recentemente, a publicação americana exibiu os cofrinhos da atriz Julia Louis-Dreyfus e do apresentador Jimmy Kimmel.

“Esquire”, “GQ” e “Vanity Fair” são outras das publicações de peso que se utilizam constantemente do recurso do nu, mas revistas de moda como “Vogue”, “W” e “Lui” também não se furtam a tirar as roupas de suas modelos sempre que possível.

Decotes, seios, pernas e poses provocantes são o praxe de qualquer revista que se diga “ousada”. Mas me parece que a bunda ainda é um tabu no universo editorial – mesmo os traseiros masculinos pouco aparecem por aí. Seria por medo de rejeição por parte dos consumidores conservadores? (Duvido). Ou por que esse seria o limite do que se é permitido expor no meio impresso? (Mais provável). Seja como for, nádegas em capas são raridades. Selecionei a seguir algumas poucas que corajosamente mostraram retaguardas famosas com não tanta vergonha.

***

Kate Moss na revista “Lui”
Março de 2014 – Foto por Terry Richardson
A ousada revista francesa de moda já despiu muita gente nos últimos tempos – de Rihanna a Gisele Bündchen –, mas ninguém se expôs tanto ali quanto a top model mais controversa dos últimos 20 anos.

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Jennifer Aniston na “Rolling Stone”
Março de 1996 – Foto por Mark Seliger
Jennifer era a onipresente namoradinha da América na época, graças ao sucesso como a Rachel de “Friends”. A bela capa chocou tanto pela ousadia como pela naturalidade com que a atriz se deixou revelar.

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Kylie Minogue na “GQ Italia”

Agosto de 2014 – Foto por Steve Shaw
A pose inspirada na famosa propaganda do protetor solar Coppertone não é novidade no mundo editorial – ela já foi imitada por Jim Carrey na “Rolling Stone” e Carmen Electra na “Esquire”. O resultado é sempre mais divertido do que ousado.

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Scarlett Johansson e Keira Knightley na “Vanity Fair”
Março de 2006 – Foto por Annie Leibovitz
As jovens estrelas de Hollywood tiraram tudo para a “Vanity Fair”, mas Scarlett foi mais ousada, adiantando ao mundo a região de seu corpo que ficaria famosa anos mais tarde – infelizmente por causa de uma selfie vazada.

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John Lennon e Yoko Ono na “Rolling Stone”
Janeiro de 1981 (EUA) / Janeiro de 2011 (Brasil) – Foto por Annie Leibovitz
Talvez a capa de revista mais famosa e premiada de todos os tempos. Além da nudez do beatle, ela chocou pela circunstância macabra: a foto foi tirada algumas horas antes de Lennon ser assassinado em Nova York, em 8 de dezembro de 1980.

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Quer “ressuscitar” um artista morto? Assista e ouça uma entrevista inédita
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Pablo Miyazawa

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Discutir assuntos do presente por meio de vozes do passado. Essa é a proposta ambiciosa do site Blank on Blank.

O slogan define o objetivo melhor ainda: “Famous Names, Lost Interviews”. O projeto existe desde 2012 e é uma parceria entre o PBS Digital Studios e o Quoted Studios, uma produtora de conteúdo sem fins lucrativos cuja missão é “preservar e reimaginar a entrevista norte-americana”. A ideia é desenvolver soluções digitais diferenciadas para reformular conteúdos perdidos, empoeirados ou inéditos, utilizando, nas palavras dos produtores, “nossas raízes jornalísticas e sensibilidade”.

Como isso funciona na prática? A equipe do Blank on Blank entra em contato com jornalistas, estações de rádio e emissoras de TV, buscando gravações de entrevistas antigas, principalmente com personalidades que já morreram. Além disso, eles também pedem colaborações a jornalistas independentes dispostos a ceder seus arquivos pessoais. De posse do áudio, eles analisam o material, editam os melhores trechos do papo entre o entrevistador e o entrevistado e entregam o conteúdo nas mãos de um animador, que dá uma nova linguagem visual à conversa.

O resultado, como dá para imaginar, é fascinante. Já pedindo desculpas pelo trocadilho, os astros mortos ganham vida com as novas roupagens que embalam suas palavras Por mais estranho que seja, é possível enxergar e ouvir os artistas por um ponto de vista mais exposto e humanizado, mesmo que estejam escondidos por trás das animações. E mesmo que algumas dessas entrevistas sejam muito antigas e não sejam exatamente inéditas, a sensação que os vídeos proporcionam é de frescor e novidade. Ao menos por cinco minutos, é como se aqueles caras ainda andassem sobre a Terra e fizessem as coisas que costumavam fazer tão bem.

E a parte boa é que o Blank on Blank continua a postar novos vídeos religiosamente a cada duas semanas. Selecionei a seguir os meus sete favoritos, mas o site tem algumas dezenas mais para você aproveitar.

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John Lennon e Yoko Ono – Por Howard Smith
No auge dos conflitos internos entre os Beatles, o casal mais famoso do rock cai na cama e nos ensina que tudo o que precisamos é mesmo de amor.

Kurt Cobain – Por John Savage
O mito do Nirvana fala sobre a inadequação que sentia na época de estudante e revela que chegou a se questionar se seria ou não gay.

Philip Seymour Hoffman – Por Simon Critchley
Em um bate-papo diante de fãs em 2012, o ator discute o significado da palavra felicidade e se questiona sobre seu perturbado estado de espírito.

Michael e Janet Jackson – Por John Pidgeon
Na entrevista conjunta (em que o repórter se dirige a Janet, que então faz a pergunta a Michael), os irmãos Jackson vislumbram a existência de Deus.

Jim Morrison – Por Howard Smith
Para o mito do The Doors, beleza era algo relativo. Nessa conversa surreal, ele fala sobre excesso de peso e relata seus hábitos alimentares da época da faculdade.

Jimi Hendrix – Por Keith Altham
As palavras do maior guitarrista de todos os tempos ganham contornos mórbidos quando sabemos que essa foi a última conversa gravada antes de sua morte.

Heath Ledger – Por Christine Spines
Falando do set de “O Segredo de Brokeback Mountain”, o melhor Coringa da história fala sobre a arte de interpretar e a vida a dois com a atriz Michelle Williams.


As 7 melhores músicas que Paul McCartney não tocará no Brasil (mas deveria)
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Pablo Miyazawa

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Paul no Brasil: cada show deverá ter 39 músicas, das quais 26 dos Beatles. (Foto: Pablo Miyazawa)

Paul McCartney faz hoje o primeiro de uma série de cinco shows no Brasil.

Este é o quarto ano seguido em que o eterno beatle se apresenta por aqui. E hoje, em Cariacica (região metropolitana de Vitória), ele fará o décimo-sexto show em palcos do país: foram dois em 1990 (Rio de Janeiro), dois em 1993 (São Paulo e Curitiba), três em 2010 (Porto Alegre e São Paulo), dois em 2011 (Rio), três em 2012 (Recife, Florianópolis) e três em 2013 (Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza). E além do Espírito Santo, ainda tocará no Rio (12/11), Brasília (23) e São Paulo (25 e 26).

Verdade seja dita, apesar de algumas surpresas ocasionais, McCartney tem feito shows bastante previsíveis no que diz respeito ao repertório. Tirando as faixas mais famosas da época do Wings e algumas dos discos solo mais recentes (dessa vez ele apresenta o álbum “New”, de 2013), ele concentra a maior parte do set list de quase 40 músicas – cerca de 65%! – para músicas dos Beatles. Veja a provável lista aqui. Bem, ele pode. Você não faria o mesmo se fosse um dos compositores da maior banda de todos os tempos?

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Macca curte o Brasil em Goiânia, em 2013: o país virou porto obrigatório. (Foto: Pablo Miyazawa)

Mesmo quem já viu outros shows de McCartney espera pelos clássicos óbvios. E é claro que ele é praticamente obrigado a tocar “Yesterday”, “Hey Jude”, “Let it Be”, “Back in the U.S.S.R.” e “The Long and Winding Road” até o fim da vida – e essas nunca faltaram por aqui. Mas se quiser variar um pouco e demonstrar um carinho extra pelo fã brasileiro, Macca poderia nos reservar umas surpresinhas diferentes. Fica abaixo minha sugestão de sete faixas que pouco (ou nunca) aparecem no repertório do beatle, e que certamente deixariam os shows ainda mais interessantes.

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“Here, There and Everywhere” (“Revolver”, 1966)
Nem é preciso ser fã radical para considerar esta uma das músicas mais bonitas escritas por Paul McCartney (que já declarou que esta é uma das favoritas dele). Ainda assim, a bela balada aparece esporadicamente no repertório desde 2003 – segundo o site colaborativo Setlist.fm, a última vez que ele a tocou em um show foi em 2008. Os brasileiros ainda tiveram a chance de conferi-la nos dois shows que Macca fez no Brasil em 1993, e nunca mais.


“Fixing a Hole”
(“Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band”, 1967)
Outra faixa não convencional da era psicodelica dos Beatles que pode ser identificada de longe como típica obra de McCartney. Ele a apresentou diversas vezes nas turnês de 1993 e 2005, mas nunca mais a tirou da gaveta. O que significa que os brasileiros ainda não presenciaram a música ao vivo – é difícil que ele faça isso dessa vez, mas quem aí se arrisca a levar um cartaz com o pedido?


“Maxwell's Silver Hammer”
(“Abbey Road”, 1969)
“Why Don' We Do it in the Road” (“Álbum Branco”, 1968)
Duas realmente “inéditas”: McCartney jamais as tocou ao vivo em suas turnês pós-Beatles. A primeira, do último álbum gravado pelo Fab Four, é composição solitária dele, e ficou de fora do “Álbum Branco” provavelmente por ser muito complicada (os parceiros assumidamente não gostavam da faixa). Já ‘Why Don't We Do it…” foi escrita e gravada inteiramente por Paul, que apenas chamou Ringo Starr para adicionar a bateria (John Lennon não foi avisado previamente, e jamais perdoou o ex-parceiro por isso). Talvez pela natureza controversa dessas músicas, Paul prefere não relembrá-las hoje em dia. Mas há um consolo: ele já recitou as letras de ambas em um evento em Nova York, em 2001 (veja o vídeo).


“You Won't See Me”
(“Rubber Soul”, 1965)
Faixa de mais longa duração gravada pela banda até 1965 (três minutos e vinte segundos), esta é outra das composições de McCartney que não foram tocadas ao vivo pelos Beatles originais, mas que ganharam vida quando o baixista começou a revisitar a carreira nas turnês mais recentes. Porém, já se vão 10 anos desde que ele a apresentou em um palco. Se decidir tocá-la em algum dos shows no Brasil, será um fato inédito. Pode ser difícil de acontecer, mas não custa nada pedir.


“Hello Goodbye”
(“Magical Mystery Tour”, 1967)
Das canções emblemáticas de Paul que não fazem parte da turnê atual, esta talvez seja a menos rara e mais frequente: ele já a tocou por aqui um punhado de vezes (duas no Rio na primeira turnê, em 1990, no Rio novamente em 2011, e em Recife em 2012). Mas já faz dois anos que a faixa, que fez sucesso quando lançada em compacto duplo no Brasil em 1967, foi excluída do repertório padrão de McCartney. Será que poderia voltar em algum dos shows por aqui?


“She's Leaving Home”
(“Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band”, 1967)
É uma das músicas mais belas da história dos Beatles, e também uma das últimas escritas em conjunto pela dupla Lennon e McCartney. Mas talvez pelo arranjo orquestrado da versão original (há instrumentos de corda, inclusive uma harpa) e andamento lento, Paul raramente a apresenta nos shows – a última vez ocorreu na turnê de 2003. O vídeo abaixo mostra uma emocionante performance na Praça Vermelha, em Moscou, que deixa claro que nenhum fã brasileiro reclamaria se pudesse enfim conferi-la ao vivo.


Royal Blood é a dupla de “drum & bass” mais interessante do rock atual
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Pablo Miyazawa

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Dupla de dois: Ben Thatcher (bateria) e Mike Kerr (baixo/voz) formam o Royal Blood. (Divulgação)

A história dos ingleses do Royal Blood merece ser contada.

Em 2013, sem ter uma única música gravada, a banda ganhou a melhor propaganda possível: Matt Helders, baterista do Arctic Monkeys, vestiu uma camiseta do grupo novato durante um show no festival de Glastonbury. Nos meses seguintes vieram uma turnê abrindo para os ''padrinhos'', um contrato com a gravadora Warner e um disco que chegou ao topo da parada britânica logo na primeira semana de vendas. Tudo isso em menos de um ano, e com uma banda formada por apenas duas pessoas: um baixista-cantor, Mike Kerr, e um baterista, Ben Thatcher.

Mas o aspecto mais interessante do Royal Blood é que trata-se de um duo de rock pesado que NÃO utiliza guitarras. Todo peso dos riffs vem do baixo tocado solitariamente por Kerr, que utiliza pedais de efeitos e três amplificadores ligados ao mesmo tempo. O truque técnico cria uma sonoridade que remete a uma guitarra distorcida tocada em uníssono com um baixo bem grave. O resultado é dos mais interessantes – cru e minimalista, mas melódico e envolvente, também graças aos vocais sussurrados de Kerr e a bateria virtuosa de Thatcher.

O disco “Royal Blood” acabou de sair no Brasil, então escrevi sobre a dupla para o UOL Música. Confira aqui a reportagem completa e a entrevista com Ben Thatcher, que literalmente representa 50% do Royal Blood.

E assista abaixo a uma pequena amostra ao vivo e recente do trabalho dos rapazes. Acha que vale todo hype?


O novo do Foo Fighters chegou; ouça as oito faixas de “Sonic Highways”
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Pablo Miyazawa

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O novo disco do Foo Fighters, “Sonic Highways”, saiu nesta segunda-feira, 10 de novembro. Semanas antes, a banda de Dave Grohl havia desvendado mais da metade do trabalho, em singles lançados todas as sextas-feiras desde a metade de outubro. Tudo faz parte da caprichada estratégia de lançamento do álbum, que também inclui um documentário em forma de seriado exibido atualmente no canal HBO (no Brasil, “Sonic Highways” será exibido no canal BIS a partir do fim do mês).

“Sonic Highways” é um álbum conceitual que homenageia as chamadas “capitais da música” dos Estados Unidos. A banda escolheu a dedo oito cidades e compôs canções sobre cada uma delas, gravando em estúdios locais e contando com participações especiais de músicos relevantes das respectivas cenas. O resultado é interessante e diversificado, ainda que não seja exatamente o disco mais conciso já produzido pelo grupo. Mas como experimento artístico e jogada de marketing, é bastante válido. Grohl prometeu algo surpreendente para o próximo passo do Foo Fighters, e não estava exagerando.

Se preferir, escute o disco inteiro clicando aqui. Ou vá ouvindo pelos vídeos abaixo.

“Something from Nothing”
O primeiro single é uma homenagem a Chicago e foi gravado no estúdio Electrical Audio, do mítico produtor Steve Albini (de “In Utero” do Nirvana). Conta com a participação do guitarrista Rick Nielsen, do Cheap Trick.

“The Feast and the Famine”
O single número dois celebra a capital americana Washington D.C., onde Dave Grohl passou a adolescência e se envolveu com a cena hardcore local. Foi gravada no Inner Ear Studios com a participação dos veteranos do Bad Brains.

“Congregation”
Nashville, ou melhor, a rica cena country da capital do Tennessee, foi a inspiração do terceiro single de “Sonic Highways”. Gravado no estúdio Southern Ground, contou com a participação vocal do astro local Zac Brown.

“What Did I Do? / God as My Witness”
O quarto single foi gravado em Austin, cidade texana que se intitula a capital da música e que abriga o cultuado festival South by Southwest. Gravada no KLRU-TV Studio 6A, teve a participação do guitar hero Gary Clark Jr.

“Outside”
O quinto single de “Sonic Highways” é uma celebração a Los Angeles. A faixa foi gravada em Rancho De La Luna, em Joshua Tree, e tem como convidado o guitarrista Joe Walsh, do The Eagles.

“In the Clear”
Dedicada a Nova Orleans, teve participação da big band Preservation Hall Jazz Band e foi gravada em um estúdio improvisado no próprio Preservation Hall.

“Subterranean”
Gravada no Robert Lang Studios, em Seattle, conta com a voz e a guitarra de Ben Gibbard, líder do Death Cab for Cutie/Postal Service.

“I Am a River”
Exaltando Nova York e fechando o disco, a faixa traz a guitarra extra (e quase inaudível) da musa Joan Jett e foi gravada no estúdio The Magic Shop.

E você, como recebeu “Sonic Highways”? Em breve eu digo o que achei do disco completo.


O que significa o “despertar” do título do próximo filme Star Wars?
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Pablo Miyazawa

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O site oficial de “Star Wars” revelou hoje o título do próximo filme da saga, previsto para 18 de dezembro de 2015.

“Star Wars: The Force Awakens”. Na tradução direta, “A Força Desperta”. Ou como ficaria até melhor, “O Despertar da Força”.  O que será que isso quer dizer?

cartajjabramsPorque até essa altura do campeonato, a equipe do diretor J.J. Abrams conseguiu manter sigilo absoluto sobre o enredo dos próximos três filmes da série. Sabemos sobre a volta do elenco antigo (todos os atores principais da primeira trilogia estão garantidos); sabemos quem são os prováveis protagonistas (nomes jovens como Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver, Lupita Nyong'o); e sabemos que as filmagens principais se encerraram na semana passada (veja ao lado a carta de agradecimento de Abrams ao elenco). E não muito mais do que isso.

Não que os fãs já não estejam especulando há um bom tempo. E com a divulgação do título oficial, algumas teorias ganharam força. As especulações são ótimas e bastante amplas, mas nesse momento não passam de ideias surgidas nas cabeças de fãs. Há quem diga que o “despertar da Força” seja uma alusão ao fato de que os Jedis não estarão mais em atividade no período em que se passa o filme (provavelmente, algumas dezenas de anos após a conclusão de “O Retorno de Jedi”). Se os cavaleiros Jedis se encontram adormecidos após a queda dos Sith e do Império, então algum evento (ou a ascensão de algum um vilão) poderia resultar nesse “ressurgimento” dos antigos heróis. No caso, também especula-se que tudo gire em torno da busca por Luke Skywalker, que estaria então aposentado e afastado da vida pública galáctica.

Há outras hipóteses plausíveis. Algumas falam que o “despertar” diga respeito à descoberta de algum poder secreto embutido no domínio da Força, que poderia ser trazido à tona por jovens aprendizes (e que ocasionaria na tradicional relação mestre-padawan dos filmes anteriores). E outros teorizam que esta “Força que acorda” de um sono profundo pode significar o retorno de um antigo vilão há muito tempo sumido. Eu acho que pode ser tudo isso junto. Certamente tem a ver com a recuperação da relevância dos Cavaleiros Jedi após anos de estabilidade trazidos pela vitória da Aliança Rebelde, e isso com certeza passa pela figura de Luke Skywalker. Agora, um vilão inédito com o peso de um Darth Vader ou um Imperador? Tenho dúvidas. Mas é provável que eu esteja errado. Para falar a verdade, a partir de agora, prefiro não saber mais nada sobre a história.

Também entendo como um detalhe interessante o fato de o título não carregar o complemento “Episódio VII” como seria de se esperar. Será que é um plano para desprender a saga de sua fonte original e expandi-la para novos públicos e possibilidades no futuro? Ou será que a ausência do VII foi apenas para não poluir muito o logotipo?

Nesse momento, a única coisa que temos certeza é que ainda faltam 406 dias para a estreia do novo “Star Wars”. Se quiser contar precisamente, comece no dia 12 de novembro, próxima quarta-feira, quando faltarão exatos 400 dias. E se deseja ter uma experiência 100% pura e surpreendente na sala de cinema em 18 de dezembro de 2015, tente manter distância dos muitos spoilers, boatos e fotos vazadas que fatalmente surgirão daqui em diante.

Para ambas as tarefas, é preciso ter paciência de Jedi. Será que você consegue?


Stephen King escreve para fazer você feliz – e a ele próprio também
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Pablo Miyazawa

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Stephen King em 2012: ele não dá mais ouvidos para os críticos. (Foto: AP Photo/Elise Amendola)

Quem aí ainda lê os livros de Stephen King?

Eu confesso que não leio tanto quanto gostaria. Aliás, li muito pouco em relação à enorme quantidade de livros que ele continua a produzir. O que é até uma contradição, porque eu o considero um dos meus escritores vivos favoritos. Mas meu enorme respeito a ele não está exatamente ligado ao estilo de escrita ou às histórias que ele inventa. Faz sentido?

Um dos mais prolíficos e lidos escritores das últimas quatro décadas, King lança uma média de mais de um livro por ano, sem contar os volumes de contos e crônicas. E mesmo que a categoria de suas histórias tenha lá seus altos e baixos, ninguém pode questionar a produtividade do sujeito – são 67 anos de idade, e pelo menos 50 deles dedicados a escrever. E voltando ao questionável fator qualidade, é bom lembrar que quase 60 longas-metragens baseados na obra dele já foram produzidos. Se as histórias de King fossem muito ruins, será que tantos se dariam ao trabalho de filmá-las?

RevivalNa semana que vem, ele lança “Revival”, 54º romance de sua carreira, que tem sido descrito como “uma versão da história de Frankenstein nos tempos modernos”. Para promover o livro, King deu uma longa entrevista para a revista Rolling Stone. É um fato raro, porque desde que sofreu um acidente automobilístico, em 1999, ele pouco falou com jornalistas ou se abriu sobre sua vida pessoal. Uma biografia foi lançada em 2010 (“Coração Assombrado”), mas sem a participação do biografado. O mais próximo que há de uma autobiografia de King é o indispensável “On Writing – A Memoir of the Craft” (2000), um delicioso guia sobre técnicas e a arte de escrever bem, e que deveria ser uma das bíblias de todo aprendiz de escritor que se preze. Ao que tudo indica, “On Writing” finalmente será lançado no Brasil em 2015, pela editora Suma de Letras.

Voltando à entrevista, King falou sobre tudo o que lhe cabe. Política, religião, deus e o diabo, o futuro dos livros de papel, a relação de dependência a drogas e álcool, sobre a arte de escrever e o medo de falhar. Assim como é quando escreve histórias fantásticas, ele não tem o menor problema em se expressar e ser claro, principalmente quando se trata de criticar quem o critica. Muitos autores que fazem sucesso com o público não são aclamados pela chamada “academia”, e King por muito tempo fez parte dessa leva. Hoje ele é até mais respeitado (e o sucesso com o público pouco cedeu), mas ainda guarda certo rancor de quem o desdenhou pelos temas que imperam em sua obra – o suspense e o terror.

King relembrou uma das alfinetadas que mais lhe afetou. “No começo da minha carreira, o [jornal] 'The Village Voice' fez uma caricatura minha que me dói até hoje se penso a respeito. Era eu comendo dinheiro, com uma cara enorme, inchada. Era um pressuposto de que se [um livro de] ficção estava vendendo muitas cópias, é porque era ruim. Se algo é acessível a muitas pessoas, então tem que ser algo burro, porque a maioria das pessoas são burras. E isso é elitista. Eu não aceito.”

O escritor norte-americano sabe que hoje não só é mais respeitado pelo conjunto de seu trabalho, como também foi o responsável por elevar o nível desse gênero da literatura. Mas Stephen King também sabe retribuir à altura a arrogância de alguns críticos que desmerecem seus livros por serem pop ou acessíveis demais. “Há alguns por aí que pegam a ignorância deles sobre cultura popular como um distintivo de bravura intelectual”, declarou.

Outro trecho que surpreende é quando King admite que não compreende o atual culto em torno do filme “O Iluminado”, baseado em seu livro de 1977. É hilária a parte em que ele descreve a reação que teve na primeira vez que assistiu ao adorado longa de Stanley Kubrick (e é de fazer um fanático pelo filme cair para trás).

“Eu não entendo [o culto ao filme]. Mas tem muitas coisas que não entendo. Mas obviamente as pessoas adoram, e elas não entendem o porquê de eu não [gostar também]. O livro é quente, o filme é frio. O livro termina com fogo, e o filme, no gelo. No livro, existe um arco em que você vê esse cara, Jack Torrance, tentando ser bom e aos poucos se tornando um maluco. E pelo que percebi, quando vi o filme, o Jack é maluco desde a primeira cena. Eu tinha que manter minha boca fechada na época. […] E o filme é tão misoginista, digo, a Wendy Torrance é apresentada como uma mocreia que só fica gritando. Mas esse sou eu, é como eu sou.” Ou seja, King provavelmente ficou incomodado com o fato de a versão cinematográfica não carregar a essência da obra original. Se ele tem amor pelo próprio trabalho, então essa visão é bastante justa.

Pessoalmente, acho interessante e inspirador perceber Stephen King como um escritor realizado e bem-sucedido que continua a trabalhar para agradar o seu leitor. E apesar de afirmar que é impulsionado a satisfazer o máximo de pessoas possível, ele garante que jamais se limitaria a fazer apenas o que o público espera dele. Sobre o tortuoso ofício de escrever, definiu de maneira perfeita: “Tem duas coisas sobre isso de que gosto: isso me faz feliz, e faz outras pessoas felizes.”

Goste você ou não das histórias de Stephen King, tem como não respeitar um cara desses?


Cinco novos discos brasileiros para ouvir agora
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Pablo Miyazawa

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Criolo lançou hoje o novo álbum “Convoque seu Buda”. (Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação)

Música é isso: é bom falar, ler e escrever sobre, mas de vez em quando é bom escutar também. Separei aqui alguns dos diversos lançamentos de artistas nacionais que surgiram nos últimos dias. Aproveite, que a maioria deles pode ser escutada ou baixada oficialmente de graça. Ah, as maravilhas da tecnologia.

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Criolo – “Convoque seu Buda”
O rapper paulistano mais aclamado do Grajaú acabou de lançar o sucessor do premiado “Nó na Orelha” (2011). Dá para ouvir o disco completo no link abaixo, ou baixar os arquivos em mp3 gratuitamente aqui.

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Pato Fu – “Não Pare pra Pensar”
A banda do casal Fernanda Takai e John Ulhoa também está de disco novo. É possível escutar 30 segundos de cada faixa no player abaixo. Para ouvir o álbum inteiro, é só se cadastrar em um serviço de streaming como Deezer ou Spotify.

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Holger – “Holger”
O quarteto paulistano também lança um disco novo hoje, o terceiro (que carrega o nome da banda), que pode ser ouvido na íntegra no player abaixo. O primeiro single, “Café Preto”, ganhou um belo videoclipe.

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Reginaldo Lincoln – “Nosso Lugar”
O baixista e compositor do Vanguart acabou de lançar um disco solo no qual ele próprio cantou e tocou todos os instrumentos. Não tem player para streaming, mas dá para escutar todas as faixas neste link do site dele.

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Foto: Patricia Pierro/Divulgação


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Charme Chulo – “Crucificados pelo Sistema Bruto”
Os curitibanos se definem como os principais representantes do indie rock caipira do país – e eles devem estar certos. No player você escuta seis músicas do disco duplo feito com crowdfunding. Ou se quiser baixar todas as 20 faixas, clique aqui.


Ele andou sobre a corda bamba na TV ao vivo. Mas e se desse tudo errado?
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Pablo Miyazawa

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Vida, louca vida: Nik Wallenda caminha no céu de Chicago. (Reprodução)

De origem alemã, a família Wallenda carrega uma tradição circense de mais de 100 anos. Os “The Flying Wallendas”, como são conhecidos, especializaram-se em proezas com cabos de aço e sem redes de proteção. Atualmente, Nik Wallenda é o mais notório integrante da família e vive literalmente por um fio, percorrendo longas distâncias a alturas absurdas. Ele já atravessou por cima das Cataratas do Niagara e o Grand Canyon, ambos feitos transmitidos ao vivo pela televisão. Ontem, o palco da loucura foi o centro empresarial de Chicago.

Wallenda tem 35 anos e praticamente nasceu na corda bamba. Para se ter uma ideia, a mãe dele se equilibrava em cabos de aço até o sexto mês de gravidez. Para ele, como definiu em entrevista à revista “Time”, “pode ser difícil de entender, mas isso é a vida para mim”. Nik tem batido seguidos recordes mundiais ao longo dos anos, e ontem, superou dois deles em um espaço de duas horas.

O Discovery Channel transmitiu as proezas de Nik Wallenda para 220 países. Foi quase ao vivo: havia um delay de 10 segundos, para permitir o corte em caso de alguma tragédia. E nada de terrível aconteceu. A uma altura de 200 metros, sem nenhuma segurança ou rede de proteção, Wallenda realizou dois percursos que interligavam três arranha-céus no centro da cidade. O primeiro foi feito em subida; no outro, ele tinha os olhos vendados.

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De olhos bem fechados: Nik Wallenda não vê a hora de chegar ao outro lado (Reprodução)

Para começar, o maluco caminhou do topo do edifício Marina Tower West (a 177 metros de altura) até o alto do prédio da agência Leo Burnett (201 metros), com uma inclinação de 19 graus. Comparando, foi como estar no 50º andar e escalar mais oito andares a pé – de uma maneira bem menos segura do que a escada de incêndio. O frio e a ventania não se mostraram problema para esse atleta destemido nascido na Flórida, que cumpriu o desafio em menos de sete minutos – dizem que ele até planejava tirar uma selfie no meio do caminho, mas desistiu por causa das condições climáticas. Assista ao vídeo abaixo e morra de agonia.

Para quem tem pavor de altura, acompanhar cada passo é uma verdadeira tortura. Eu fiquei com as palmas das mãos molhadas já nos primeiros 15 segundos. Mas Wallenda esteve tranquilo como se passeasse no parque com o cachorro. Conversou serenamente com o pai e a esposa utilizando um ponto eletrônico e teve a frieza de admirar o visual noturno e celebrar a aclamação do público lá embaixo. Em certo momento, transmitiu o mantra de sua vida aos espectadores que o assistiam: “Vocês podem não entender o que estou fazendo. Mas é para isso que eu nasci”. Lembrando que a 200 metros de altura, tudo o que Nik tinha era uma vara nas mãos para se equilibrar. E ele não vacilou em nenhum instante.

wilcoApós receber abraços da mulher e filhos, veio a segunda parte do desafio, realizada entre as duas torres do edifício Marina City (as mesmas que aparecem na capa do disco “Yankee Hotel Foxtrot” da banda Wilco). O trajeto era menor, mas dessa vez, Wallenda tinha os olhos vendados. O único recurso externo era a comunicação com o pai por meio de um megafone, que dava dicas de onde e como o filho devia pisar. Foi bem mais rápido, em 1 minuto e 15 segundos, mas pareceu uma eternidade.

O feito de Wallenda me lembrou outra loucura transmitida em tempo real recentemente: o salto em queda livre na estratosfera de Felix Baumgartner, em 2012. Você se lembra?

É impossível não pensar: e se uma dessas proezas desse errado e o sujeito morresse ao vivo e em cores para o mundo todo ver? Ainda que se utilize o recurso do delay, será que não deveria haver limites para o conteúdo que as redes de televisão transmitem em tempo real?

Nesses tempos de informação vasta, imediata e interativa, a curiosidade mórbida é mais do que nunca uma característica onipresente na sociedade. Fica bem claro que enquanto houver um corajoso (ou maluco) disposto a se arriscar por fama e adulação, haverá uma plateia disposta a conferir e aplaudir. Para os medrosos e cautelosos como eu, só resta assistir com um olho aberto e o outro fechado – e torcer para que a sorte continue acompanhando os deuses da televisão.


Barry Manilow lançou um disco de duetos – e todos os parceiros estão mortos
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Pablo Miyazawa

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Manilow não precisou evocar os espíritos para cantar com os ídolos mortos (Reprodução/Facebook)

Quer curtir musicalmente o Dia de Finados de um jeito tranquilo – e bem esquisito?

A dica é se arriscar no novo disco de Barry Manilow. Cantor, pianista, compositor que estourou nos anos 1970, ele é uma instituição da música popular “adulta” dos Estados Unidos. Entre alguns altos e baixos, continua em plena atividade após 50 anos de carreira, fazendo shows e lançando álbuns (ele tem 71 anos de vida, com a voz ainda em cima). Escute “Mandy” (que ganhou uma versão em português cantada por Marcelo Augusto, lembra dele?), “I Write the Songs”, “Can't Smile Without You” e comprove que sim, você conhece alguns dos maiores sucessos de Manilow (provavelmente por causa de seus pais e tios).

Essa longevidade e crédito com as velhas gerações dá a Manilow a permissão de cometer certas bizarrices. E isso significa o disco “My Dream Duets”, lançado há uma semana. O título refere-se aos duetos que o cantor sonhava realizar. E por que não fazer isso do jeito mais difícil, ou seja, cantando com donos de vozes que já não estão mais entre nós?

É isso aí. Barry Manilow fez um disco inteiro só de parcerias vocais com cantores(as) que já morreram. Isso não é tão incomum assim – lembra dessa música aqui? –, mas deve ser a primeira vez que um artista faz um disco inteiro dessa forma. Obviamente, não são faixas inéditas. Ele pegou algumas de suas canções favoritas, extraiu e separou as vozes, refez os arranjos, inseriu a trilha de voz original e combinou a própria voz dele ao resultado. Em algumas faixas, ele harmoniza por cima da voz principal; em outras, muda letras, alterna versos, adiciona frases melódicas e até “conversa” com os parceiros fantasmas. Soa perturbador, ainda mais quando compreendemos o caráter sobrenatural desses encontros.

O resultado, seja dita a verdade, é cafona e de gosto duvidoso. Mas rende várias proezas ao cantor: uma, ele consegue nos fazer esquecer como soavam as versões originais desses clássicos. E dois, o disco é uma impressionante realização da tecnologia de áudio. Não soa como um karaokê. A interação entre a voz de crooner emocionado de Manilow às interpretações dos homenageados mortos é primorosa, tecnicamente falando (sem entrar no mérito de quão “modernas” as novas músicas soam). Dá até para imaginar Manilow cantando junto no estúdio, ou mesmo dividindo o palco com esses artistas, os olhos cheios de lágrimas, agitando as madeixas loiras.

Os parceiros do plano espiritual foram escolhidos a dedo: Whitney Houston, John Denver, Louis Armstrong, Sammy Davis Jr., Dusty Springfield e Marilyn Monroe, entre outros, em um total de 11 faixas. Confira abaixo a nova versão da eterna “What a Wonderful World”, de Louis Armstrong, e tente avaliar o que isso tudo significa. É mesmo um pouco esquisito ou estou exagerando?

Não quero dar uma de futurólogo pessimista, mas do jeito que anda a crise de originalidade na música, aposto que a onda vai pegar. Esse é apenas o começo.